Marca conhecida no ainda pouco desenvolvido mercado de home care no Brasil, a Home Doctor quer ir além do nicho de saúde suplementar brasileira. A empresa que tem 95% dos seus negócios com os convênios médicos começa a enxergar oportunidades tanto na saúde pública brasileira como na possibilidade de inserção no mercado de saúde internacional. No caso da saúde pública, o horizonte ficou mais próximo para a empresa no último mês de setembro, quando a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo vai usar a experiência norte-americana do home care para financiar o atendimento a pacientes em casa. Na ocasião, Dilma afirmou que a finalidade era amenizar a demanda por leitos e, que neste ano, o investimento será de R$ 36,5 milhões. Por ser recente, a medida ainda não proporcionou impacto para a Home Doctor, mas abre o caminho para o desenvolvimento da prática no Brasil e não descarta a possibilidade de futuras parcerias. ?Para o governo federal e estadual criarem asilos e casas de saúde é fisicamente limitado. Com o atendimento domiciliar não existe limite, é só montar equipes?, explica o sócio- diretor da companhia, Emílio de Fina. Ainda na área pública, a Prefeitura de São Paulo anunciou, no final de setembro, a sanção da lei municipal que institucionaliza o Programa Hospital
Domiciliar de Atendimento e Internação Domiciliar (PROHDOM). A Home Doctor já tem parceria com a área pública para capacitação profissional. Desde 2007, a companhia atua em conjunto com a Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo, no Programa de Residência Médica em Medicina da Família e Comunidade. Por lá, já passaram 15 residentes. Segundo o executivo, o acordo pode ser ampliado com a vinda dos novos investimentos. ?Agora, a Faculdade recebe convites para montar um programa como este em outros lugares por meio desses recursos federais. Nós poderíamos trabalhar em parceria na seleção de equipes para o Programa Saúde da Família?, conta, enfatizando que o projeto ainda está em andamento e não há acordo fechado.
Negócios
Fundada há 17 anos, a Home Doctor possui atualmente 700 pacientes atendidos pelo modelo de assistência domiciliar. A empresa opera com mais de 70 clientes corporativos (operadoras, seguradoras, autogestões, cooperativas e etc. ); tem alguns contratos pontuais com indústrias na área de gestão de saúde, além de atender a uma pequena demanda de clientes privados. Para o próximo ano, a empresa pretende expandir de seis para oito unidades de negócio chegando em Recife (PE) e Brasília. Seu mais novo projeto: a Unidade de Cuidados Especiais (UCE) teve um investimento de cerca de R$ 500 mil e está ainda conquistando seus primeiros pacientes. Trata-se de um espaço intermediário entre o home care e o hospital, ou seja, um ambiente estruturado para atender um paciente com a presença de profissionais da saúde, mas com um custo menor do que uma diária de hospital. Fina garante que há muito a ser desenvolvido no setor de home care no Brasil. Prova disso é a parceria da Home Doctor com a empresa canadense Ideal Life, na área de telemedicina. No entanto, as organizações aguardam o registro dos equipamentos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e também pela Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) para começarem a operar. O executivo também não descarta parcerias para atuação fora do Brasil. Diz inclusive que a empresa tem sido sondada para firmar alianças que possibilitariam a ida para o mercado internacional. ?Estamos sendo procurados por investidores de fora, mesmo no Brasil temos pessoas que querem investir em unidades como a (UCE). Por enquanto, a empresa estuda uma parceria com uma empresa israelense (a qual não revela o nome) de assistência domiciliar e discute a possibilidade de uma joint venture no Brasil. ?Eles estão 20 anos à frente no atendimento de idosos e crônicos?, adianta Fina.