Grande parte das Instituições de Saúde no Brasil ainda não se sente confortáveis com a introdução da gestão da segurança no processo administrativo. Esta constatação foi a premissa para a criação do Programa Brasileiro de Segurança do Paciente, lançado no final de agosto, em São Paulo. O projeto pretende salvar 50 mil vidas e evitar 150 mil danos ao paciente em 2011.

Para liderar a proposta 12 hospitais brasileiros foram escolhidos com base em análise retrospectiva dos resultados e da performance clínica. São eles: Hospital Barra D´Or, Hospital Quinta D´Or ,Hospital São Camilo Pompéia, Hospital São Camilo Santana, Hospital Santa Paula, Hospital Nove de Julho, Hospital AC Camargo, Hospital Santa Catarina, Hospital Unimed Fortaleza, Hospital Vila da Serra, Hospital Vita Curitiba, Hospital Santa Helena – ABC.

“Procuramos os hospitais que definiram como estratégia de negócio a segurança do paciente”, explicou o CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), Rubens J. Covello. O IQG, em parceria com Institute for Health Improvement (IHI), Conselho Mundial da Qualidade e Accreditation Canadá, é o organizador do programa.

Estratégia

Cada instituição integrante terá sob sua responsabilidade cinco hospitais para orientá-los na prevenção de riscos durante a internação do paciente. Para isso, foram desenhadas 13 intervenções a serem cumpridas. “Você admite o paciente, classifica o problema e seus possíveis riscos”, explicou a diretora clínica do Hospital Unimed Fortaleza, Liduina Jalles.

Os “pacotes de intervenção” são as diretrizes para o funcionamento do programa. Cada tópico possui diversas recomendações. São eles:

  • Time de resposta rápida
  • Prevenção de infecção do centro cirúrgico
  • Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV)
  • Prevenção de infecção associada à inserção de cateter venoso central (CVC)
  • Cuidado avançado para infarto do miocárdio
  • Prevenção de úlceras por pressão
  • Reconciliação medicamentosa
  • Prevenção de tromboembolismo venoso
  • Prevenção de danos com medicação de alerta
  • Redução de complicações cirúrgicas
  • Reduzir infecção pela bactéria Stafilo Aureus multiresistentes
  • Alta administração envolvendo todos os passos
  • Cuidados avançados para paciente com insuficiência cardíaca congestiva

A princípio, o projeto trabalhará com os dois “bundles” considerados mais críticos para a segurança do paciente: prevenção de PAV e prevenção de CVC. O objetivo de salvar 50 mil vidas foi baseado nos resultados dessas duas intervenções.

“Além da redução da mortalidade, a iniciativa reduz custos e melhora a qualidade de atendimento dos hospitais”, enfatizou Liduina. Ainda de acordo com a diretora, os 13 procedimentos listados não exigem nenhum tipo de investimentos, apenas novas práticas.

Tais cuidados recomendados pelo IHI já são seguidos pelos 12 hospitais líderes. A expertise dessas instituições será transmitida por meio das seguintes ações:

  • Diálogo de políticas com gestores, com o fim de incorporar a qualidade e a  segurança do paciente nas práticas do dia a dia;
  • Participação ativa em diversos fóruns internacionais;
  • Assinatura de compromissos com gestores das instituições participantes para
    a ação;
  • Defesa pela incorporação da segurança do paciente na estratégia das Instituições de Saúde;
  • Posicionar a qualidade da atenção de saúde e a segurança do paciente
    como prioridade nacional

Resultados

A Unimed Fortaleza, por exemplo, faz reuniões mensais para medir a adesão às boas práticas de segurança no hospital.

Segundo Liduina, fazer a prevenção correta do CVC pode reduzir em até 66% o número de infecções pela corrente sanguínea. Os problemas decorrentes da pneumonia associados à ventilação mecânica (PAV) podem ser diminuídos em até 45%.

“O mercado deve ganhar com a consolidação das práticas assistenciais seguras, sendo cada instituição capaz de inspirar credibilidade. Dessa forma, o usuário utilizará os serviços não mais por pressões outras que não o valor do atendimento que a instituição oferece”, disse Covello.


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