A melhor explicação sobre o motivo que os custos em medicina estão aumentando é simples: as pessoas querem viver mais e melhor! A essência do tema é óbvia, mas destrinchar os pontos vitais contribui para identificarmos itens positivos e itens a serem melhorados. Alguns pontos devem ficar sempre claros: 1. Todos que trabalham na área tem como meta e objetivo principal atender as reais necessidade do paciente que confiou sua segurança e saúde ao sistema; 2. Todos atores festejam avanços científicos reais e consistentes; 3. Todos entendem que tecnologias em saúde devem passar por um ritual de critica científica, amadurecimento e adequação a nossa população 4. A inclusão de cálculos e farmacoeconomia, como custo-benefício, custo-minimização, custo-efetividade e custo-utility, deve ser trabalhada cientificamente, livre de interferências comerciais ou políticas. 5. Precisamos treinar e qualificar profissionais para estudar o tema e procurar soluções, desde as raízes até o fruto. O pais tem instituições e pessoas talentosas para isso. Entretanto, precisamos debater – e já estamos atrasados – alguns pontos que são o fundamento de tudo que buscamos: orçamento que nos permita fazer uma boa medicina. 1. novas fórmulas para pesquisa clínica: não tem como uma indústria farmacêutica continuar a gastar quase U$ 1 bilhão para cada produto vitorioso ? número muito elevado para qualquer economia do mundo e de composição muito questionada. 2. novos modelos de agências isentas e independetes de análise de custo-efetividade incremental e impacto orçamentário, que levem em consideração toda rede e cascata de mudanças em saúde. Se usa muito tempo tentando desconstruir determinadas evidências científicas, enquanto que o problema é falta de dinheiro para incorporação. Existe desconfiança entre os pesquisadores ? pela contaminação do financiador do estudo ? e pagadores (eu prefiro investidores da saúde) ? com interesse evidente de reduzir despesas. 3. Debate público sobre interesse da sociedade, começando pela definição do parâmetro para incorporação: ninguém questiona que U$ 1 para cada ano de vida ganho ajustado por qualidade (1 QALY) é um sonho fora da realidade e que U$ 1 milhão é fora de cogitação pelo enorme risco de consumirmos todo orçamento de saúde em pouquíssimos necessitados… mas quanto é razoável pelos olhos de nossa sociedade? 4. Discussão individual com gestores públicos e privados sobre qual o orçamento que precisamos para executar boa medicina. Cálculo atuarial pertinente com regras claras a serem pactuadas e seguidas, com entendimento de cada ator que tentativas de passar por cima destes fundamentos tem repercussão atuarial para todo o grupo. Teremos muitas opções de tecnologias, que custarão muito caro e os recursos alocados para saúde são uma fração do que a segurança, infra-estrutura, educação… enfim, todo resto, deve pleitear. 5. Apresentação clara ao paciente e médico sobre real expectativa de cada intervenção. Não é infreqüente que profissionais da saúde e pacientes não tenham idéia de qual é o ganho prognóstico realista previsto para cada medicamentos, tecnologia ou conduta médica. Se profissionais da área colocarem em sua agenda a necessidade de pensar a curto, médio e longo prazo, entendo que acharemos solução…. ela (ou elas) estão lá fora, em algum lugar….. …. e um ótimo 2011 para todos nós