Com a renúncia de Marcelo Noll Barboza ao cargo de diretor-presidente da Dasa, o comando da empresa de medicina diagnóstica será assumido interinamente pelo presidente do conselho, Romeu Côrtes Domingues. O médico é um dos fundadores do CDPI, que faz parte da rede MD1, do empresário Edson Bueno. Segundo matéria publicada nesta terça-feira (03) pelo jornal ?Valor Econômico?, o fato gerou desconfiança no mercado.
O executivo deixou o cargo após três anos e meio trabalhando com diferentes controladores que, por sua vez, adotaram estratégias distintas. De acordo com Barboza, foi um período de grandes mudanças e desde o fim do ano passado, o executivo disse que vinha mostrando seu interesse em sair.
O analista da corretora Fator, Iago Wathley, afirma que não estava esperando a sua saída, mas também não ficou surpreso. Ele ressalta que o executivo estava desde a época do Caio Auriemo e Pátria e se submeteu a várias estratégias, dos fundos ativistas e agora da MD1.
Domingues explica que todo o conselho foi eleito por meio de uma chapa e não haverá mudanças no conselho. Na próxima assembleia, será votada a participação de mais um conselheiro, indicado pela Petros.
Questionado se existe a possibilidade de ele próprio se tornar presidente executivo da Dasa em definitivo, Domingues respondeu que a legislação permite que ele se torne presidente, pois não era funcionário e sim o sócio de Edson Bueno. Mas diz que esse não é o seu objetivo. E conta que a empresa está procurando um CEO.
Bueno é hoje o maior acionista da Dasa, com 12%, sua ex-esposa, Dulce, tem 11,5%, Romeo e seus dois irmãos detém 2,5%. Já os fundos possuem as seguintes participações: Petros (10%), CSHG (7%) e Blackrock (5,1%).
O pedido de demissão de Barboza chamou atenção porque, em fevereiro, os executivos José Maurício Puliti, diretor financeiro e de relações com investidores, e Rodrigo Musiello, diretor comercial, também renunciaram. Segundo a Dasa, Puliti pediu demissão após sete meses de casa porque teve dificuldades de adaptação no setor de saúde e Musiello recebeu proposta de outra empresa.
Barboza assumiu a presidência em outubro de 2008, quando o médico Caio Auriemo, fundador do laboratório, e o fundo Pátria estavam no comando da companhia. Porém, sete meses depois fundos de investimento ativistas como Hedging Griffo, Skopos e HSBC, que possuíam participação na companhia, tiraram Auriemo e o Pátria do controle e assumiram a gestão. O que motivou a saída de Auriemo é que os familiares dele prestavam serviço para a Dasa, o que incomodava o mercado.
No último trimestre, a companhia registrou lucro líquido de R$ 18,5 milhões revertendo prejuízo de R$ 29,8 milhões apurado no mesmo período de 2010. Esse resultado negativo em 2010 foi reflexo da recompra de títulos de uma dívida de US$ 250 milhões contraída no mercado internacional em 2008.
Os custos para essa recompra de bônus e integração com a MD1 geraram despesas financeiras no valor de R$ 164 milhões que impactaram o lucro líquido anual que foi de R$ 145 milhões, uma queda de 4% sobre o resultado de 2010. No resultado do ano, já está sendo considerada a fusão com a MD1.
No quarto trimestre, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 104,7 milhões, redução de 6% sofre o mesmo trimestre de 2010. A margem Ebitda manteve-se na casa dos 25%. A receita líquida avançou 9,4% e atingiu R$ 528 milhões. No ano, cresceu 11,7%, para R$ 2,2 bilhões.
Leia mais:
Presidente da Dasa renuncia