Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil registraram recuo de -0,55% em maio deste ano, de acordo com o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador desenvolvido pela Fipe em parceria com a Bionexo — healthtech líder em soluções digitais para gestão em saúde. O resultado foi superado pela prévia do IPCA/IBGE de maio, dada pelo IPCA-15 (+0,47%), pelo comportamento do IGP-M/FGV (+0,52%) e pela variação da taxa média de câmbio (+4,14%).

 

“Já se esperava esta desaceleração por conta da alta de 3,57% em abril, decorrente dos reajustes anuais de até 10,89% nos preços dos medicamentos estabelecidos pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). Dessa forma, a acomodação reflete um padrão sazonal observados para os preços no primeiro semestre do ano”, afirma Rafael Barbosa, CEO da Bionexo.

Comportamento mensal do IPM-H

Foi apurada uma elevação mensal dos preços nos seguintes grupos de medicamentos considerados na composição da cesta do índice: aparelho geniturinário (+5,82%); aparelho respiratório (+2,60%); sangue e órgãos hematopoiéticos (+2,33%); sistema nervoso (+1,80%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+1,56%); e órgãos sensitivos (+0,01%). Por outro lado, contribuíram para a queda mensal no índice os recuos observados nos demais grupos terapêuticos: preparados hormonais (-5,22%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-3,60%); aparelho digestivo e metabolismo (-3,60%); sistema musculoesquelético (-1,74%); agentes antineoplásicos (-1,00%); e aparelho cardiovascular (-0,43%).

No acumulado em 2022 (janeiro a maio), o IPM-H registra uma alta de 4,85% nos preços dos medicamentos, resultado inferior à inflação ao consumidor acumulada pelo IPCA/IBGE (+4,78%) e ao comportamento dos preços da economia brasileira medido pelo IGP-M/FGV (+7,54%).

Por outro lado, ao se adotar uma janela temporal ampliada, os resultados apurados recentemente revelam uma queda 3,92% no IPM-H nos últimos 12 meses encerrados em maio de 2022, divergindo do comportamento dos índices de preço da economia doméstica, a exemplo do que se observa nos casos do IPCA/IBGE (+11,73%) e do IGP-M/FGV (+10,72%). Essa queda do índice é impulsionada pelos recuos nos preços de medicamentos dos grupos: anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-22,35%); aparelho cardiovascular (-21,67%); sistema musculoesquelético (-19,96%); aparelho digestivo e metabolismo (-17,37%); e sistema nervoso (-15,58%). Em contraste, foram registrados aumentos nos preços dos grupos: aparelho geniturinário (+25,51%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+15,18%); aparelho respiratório (+14,14%); sangue e órgãos hematopoiéticos (+12,81%); órgãos sensitivos (+5,55%); preparados hormonais (+2,29%); e agentes antineoplásicos (+1,81%).

Sobre o IPM-H 

O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) é uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro. O IPM-H é elaborado com base nos dados de transações realizadas desde janeiro de 2015 através da plataforma healthtech, por onde são transacionados mais de R 17 bilhões de negócios por ano no mercado da saúde, o que representa cerca de 20% do que é transacionado no mercado privado nacional.

A empresa conecta mais de duas mil instituições de saúde a mais de 30 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares. A cada mês e para cada grupo de medicamentos, a FIPE calcula o índice de variação do seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração algumas variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço das negociações, incluindo: (i) quantidade de produtos transacionada; (ii) distância geográfica entre hospitais e fornecedores.

Os medicamentos são agrupados em 13 grupos terapêuticos (classificação da ATC*) e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Bionexo no ano anterior. O IPM-H consolida o comportamento dos índices dos preços de cada grupo terapêutico, também ponderados pelo valor transacionado do grupo na plataforma. Embora possam estar correlacionados, o comportamento do IPM-H não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo). Além disso, o IPM-H não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais, recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso.