Trinta e dois anos atrás, o primeiro bebê de proveta do mundo nasceu após uma fertilização in vitro. No entanto, o trabalho de pesquisa que culminou com o nascimento de Louise Brown, em 25 de julho de 1978, teve de ser financiado pelo setor privado, após a negativa de financiamento público, feita, em 1971, pelo Conselho Britânico de Pesquisa Médica. Um artigo – Why the Medical Research Council refused Robert Edwards and Patrick Steptoe support for research on human conception in 1971 – publicado na revista Human Reproduction revela, pela primeira vez, os motivos por trás da decisão do órgão regulador do Reino Unido. Martin Johnson, professor de Ciências Reprodutivas da Universidade de Cambridge, um dos autores do artigo, destaca que “o fracasso de Edwards e Steptoe em obter financiamento para a pesquisa não foi simplesmente devido à hostilidade da sociedade em relação à fertilização in vitro, na época”. Desde 1978, ano de nascimento de Louise Brown, cerca de 4.300.000 bebês já nasceram no mundo com a ajuda das técnicas de reprodução humana assistida. Os números foram apresentados durante a Reunião Anual da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia. Mesmo sem o auxílio estatal para financiar a pesquisa, Edwards e Steptoe foram em frente. A visão futurista e a persistência de ambos têm beneficiado, hoje, um grande número de pessoas que apresentam problemas de fertilidade, de ambos os sexos.

Prof° Dr° Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.