Em interessante entrevista à Veja, de 06 de Abril de 2011, Robert Fogel, prêmio Nobel Americano de economia, diz que o setor de saúde será um dos motores da economia no século XXI e que a alta de preços reverterá em ganhos para os mais pobres.
Veja: O senhor acredita que os gastos médicos das pessoas tendem a aumentar?
Eles já estão aumentando. Fiz projeções para os Estados Unidos e para países da Europa que mostram que, pelo menos até 2040, o acesso à saúde vai encarecer ano após ano. Isso porque, a princípio, a maior parte das novas tecnologias se traduzirá em instalações e equipamentos também mais dispendiosos. Veja o que ocorreu com o diagnóstico por imagens. Em pouco tempo, passamos de um simples raio X a imagens incrivelmente precisas. Tudo muito caro, mas também maravilhoso do ponto de vista dos benefícios. É um equívoco achar que as pessoas devem gastar menos com saúde. Precisamos desmitificar essa idéia. Trata-se de um investimento que traz cada vez mais retorno. À medida que a tecnologia evolui , a tendência é que os cidadãos obtenham resultados também mais eficazes. Em suma, as pessoas estão pagando para viver mais tempo e com mais qualidade.
Veja:E como os mais pobres poderão se beneficiar dos avanços na saúde?
Infelizmente, nunca haverá igualdade absoluta entre ricos e pobres nesse campo. Nos países mais avançados, a grande diferença no acesso à saúde não está tanto na qualidade do tratamento, mas na conveniência. Sempre que puder o cidadão pagará para que o médico o espere , e não o inverso. Ainda assim, há uma correlação interessante entre as vantagens que os dois estratos sociais podem obter quando o sistema de saúde evolui.
Veja: Como isso ocorre?
Uma comissão da OMS concluiu que em diversos lugares a única forma de prover acesso à saúde aos mais pobres é construindo hospitais para os muito ricos. Mesmo que a população que habita o topo da pirâmide de renda não precise deles, se essas instalações estiverem disponíveis, poderão atender os menos abastados, por meio dos planos de saúde.
Veja: O setor de saúde será o grande propulsor da economia no século XXI?
Não tenho dúvida. Está claro que a demanda por serviços na área de saúde seguirá em trajetória ascendente, seja nos países desenvolvidos, seja nas nações emergentes. Primeiro, por uma questão demográfica. Pelos meus cálculos, graças à evolução tecnológica e à maior disponibilidade de água e comida, a geração nascida nos anos 1980 alcançará, em países mais ricos, uma expectativa de vida de 100 anos. A cadeia produtiva nessa área é das mais extensas. Com os estímulos adequados, calculo que o impacto da saúde no Produto Interno Bruto (PIB) Americano poderá chegar a algo como 2,5% a 3% ao ano. Isso representa um enorme impulso para a economia. Se considerados os valores de hoje, esse percentual significa adicionar anualmente à riqueza Americana algo como 438 bilhões de dólares. Estamos falando de uma quantia equivalente ao PIB da Suécia.
Fonte: Revista Veja, edição 2211, ano 44, n° 14, 06 de Abril de 2011
Atenciosamente,
Fernando Cembranelli
Equipe EmpreenderSaúde