O 1% não apenas tem mais dinheiro, mas também mais tempo para desfrutar dele. Os homens ricos vivem mais que os de baixa renda, principalmente porque os últimos têm mais probabilidade de viver um estilo de vida insalubre, mostra um novo estudo.

Os homens mais ricos vivem em média 80,4 anos hoje em dia, cerca de seis anos a mais que os homens de grupos socioeconômicos com renda menor, segundo uma pesquisa realizada pela Comissão Consultora de Ciência da Longevidade, uma ONG do Reino Unido. E a diferença entre ricos e pobres na expectativa de vida está aumentando: há cerca de 20 anos, um homem nascido numa família de renda maior vivia em média 75,6 anos, cerca de cinco anos a mais que uma pessoa nascida num grupo com renda menor.

O motivo aparentemente tem mais a ver com a maneira como as pessoas optam por gastar seu dinheiro, afirma o estudo. A pesquisa cita vários estudos para concluir que homens com renda menor têm mais probabilidade de serem fumantes, beber mais e também serem obesos. Um exemplo: um estudo realizado pelo governo britânico em 2011 concluiu que 6.500 mortes no Reino Unido em 2009 puderam ser atribuídas diretamente ao álcool — e o índice de mortalidade foi maior na população de baixa renda.

A diferença espelha um conjunto crescente de pesquisas mostrando uma tendência parecida nos Estados Unidos, dizem especialistas. Um estudo da Administração da Previdência dos EUA realizado em 2010 descobriu que os homens de 65 anos que são cobertos pelo Seguro Social e estão na faixa de 25% da população com menor renda vivem 2,3 anos a menos que os 25% no topo da lista de beneficiários. Monique Morrissey, economista do Instituto de Política Econômica, um centro de pesquisas sem fins lucrativos dos EUA, diz que os índices de obesidade e tabagismo só revelam um aspecto do quadro. “Esses fatores comportamentais ainda não conseguem explicar a diferença crescente na expectativa de vida”, diz ela.

Morrissey diz que acesso a atendimento médico de qualidade também é um fator importante. Ela ressalta uma mudança que pode piorar a situação: um aumento na idade de aposentadoria: “Isso afetaria desproporcionalmente o padrão de vida de aposentados de baixa renda que são os que mais dependem dos programas governamentais”, diz ela.

Fonte: WSJ Americas, 23/01/12