Medtronic, uma das maiores fornecedoras mundiais de tecnologias e equipamentos médicos, vai voltar a produzir no Brasil. Instalada há cerca de 30 anos no país, a companhia já teve uma fábrica local, porém interrompeu a operação à época da hiperinflação. Agora, com a estabilidade econômica e maior crescimento da demanda por equipamentos, particularmente na área de cardiologia, a direção da empresa americana no Brasil recebeu um “cheque em branco” da matriz para substituir por produto nacional uma parte dos equipamentos que atualmente são importados.

Conforme o diretor-geral no país, Oscar Porto, a Medtronic Brasil poderá comprar uma empresa já estabelecida, firmar uma joint venture ou iniciar a produção local por meio de manufatura sob encomenda. “Historicamente, a Medtronic tem uma estratégia agressiva em termos de aquisição e investe em ‘startups'”, conta o executivo. “Mas, assim como fizemos na China, vamos olhar para uma empresa que já tenha operação estabelecida”, acrescenta.

A busca por um ativo ou um parceiro estratégico teve início há dois anos e meio e, neste momento, há diligências em andamento em duas empresas. O foco da Medtronic, conforme Porto, está voltado a operações que já possuam ativos instalados, capazes de receber a produção do que há de mais moderno no portfólio da companhia, porém adaptado à realidade econômica dos brasileiros. “É preciso oferecer soluções que se encaixem no bolso do consumidor e às necessidades locais”, reitera.

A companhia ainda não definiu quais equipamentos passarão a ser produzidos nessa nova fase no Brasil

Diante disso, a companhia ainda não definiu quais equipamentos passarão a ser produzidos no país. Atualmente, o carro-chefe da operação brasileira é a área de cardiologia – responsável por cerca de 70% dos negócios no país -, embora o segmento de ortopedia também representa parcela relevante do faturamento da companhia.

Com faturamento global em torno de US$ 16 bilhões por ano, a Medtronic passou a avaliar a possibilidade de retomar a fabricação de alguns equipamentos no país em razão das elevadas taxas de crescimento dos negócios na América Latina e da estratégia de acelerar a globalização estabelecida pelo comando mundial.

No primeiro trimestre fiscal de 2012, encerrado em 29 de julho de 2011, os mercados emergentes contribuíram com receita de US$ 408 milhões, uma alta de 30% na comparação anual. Ao mesmo tempo, a receita internacional consolidada da companhia avançou 19%, para US$ 1,84 bilhão. “A América Latina foi a região com maior taxa de crescimento, com 22%”, diz Porto. “No Brasil, a expansão foi de 16%.”

Conforme o executivo, o maior poder de compra da classe média e o acesso a planos de saúde abriram um novo mercado para a expansão da Medtronic. “Conseguimos acompanhar esse crescimento, inclusive com ganho de participação de mercado”, afirma.

Recentemente, o presidente da Medtronic para a América Latina, James Hogan, veio ao país participar do primeiro congresso mundial de saúde para a região e apresentou nova campanha da empresa, direcionada a mulheres, sobre riscos cardiovasculares. Além disso, a companhia subsidia o trabalho da Parceria Internacional para o Acesso aos Cuidados Inovadores em Saúde (IPIHD), com vistas a ampliar o acesso a tecnologias médicas por meio de parcerias público-privadas.

Fonte: Valor Econômico, Stella Fontes, 03/11/2011

Lucros gordos podem estar perto do fim nos EUA

Por Sudeep Reddy e Dana Mattioli | The Wall Street Journal

A fabricante de equipamentos médicos Medtronic Inc. está transferindo recursos para fora dos EUA e da Europa devido ao cenário apático da economia em mercados maduros, diz o diretor financeiro, Gary Ellis. A empresa demitiu recentemente 2.000 empregados nos EUA e na Europa, mas planeja contratar mais de 1.500 em mercados emergentes, onde as vendas da Medtronic subiram 20% no último trimestre.

Fonte: Valor Econômico, 30/08/2011