Os laboratórios paulistas Fleury, Cura e Lavoisier, o cearense Lab Pasteur, o carioca Sergio Franco e o brasiliense Exame têm unidades que funcionam 24 horas. O Salomão & Zoppi e o Centro Diagnóstico Brasil (CDB), ambos de São Paulo, não trabalham madrugada adentro, mas mantém suas portas abertas durante boa parte da noite.
Essa demanda é reflexo do crescimento do mercado de planos de saúde que, por sua vez, se beneficiou com o aumento no número de empregos com carteira registrada no país. Hoje, quase 60% dos planos de saúde são benefícios concedidos por empresas para seus funcionários.
A maioria dos exames realizados após o sol se pôr é de ressonância, tomografia ou ultrassom, modalidades que não exigem jejum. Mas também há pessoas que fazem exames de sangue fora do “horário comercial”. “Para o laboratório é interessante fazer exames durante a noite ou madrugada porque é uma forma de não deixar os equipamentos médicos ociosos e, assim, diluir os custos fixos. Uma máquina de ressonância demanda investimento de US$ 800 mil a US$ 1 milhão”, disse Gustavo Campana, sócio da Formato Clínico, consultoria especializada em medicina diagnóstica – setor que movimenta aproximadamente R$ 11 bilhões por ano.
“Na nossa unidade de Higienópolis, a taxa de ocupação para os exames de ressonância é de 80% durante a madrugada. Mesmo colocando uma equipe extra de atendimento, tenho uma boa rentabilidade porque os exames de imagem geram uma boa receita”, explicou Omar Hauache, presidente do Grupo Fleury.
O laboratório Cura também funciona 24 horas e nos fins de semana. “Antes, atendíamos conforme a demanda, mas ela foi aumentando e não dá para sobreviver pagando hora extra para funcionário. Por isso, montamos uma equipe fixa na madrugada”, disse Denis Szejnfeld, diretor do Cura.
Há dois meses, o paulistano Salomão & Zoppi estendeu seu horário de atendimento que, até então, terminava às 18 horas. Agora, as unidades ficam abertas até as 22 horas, o que ajudou a desafogar a agenda para o cliente, segundo Michel Brull, diretor de operações do Salomão & Zoppi, que abrirá uma nova unidade no próximo mês.
“As manhãs de domingo viraram um horário nobre. Existe uma grande demanda por esse dia”, afirmou Luis Natel, diretor-superintendente da área de medicina diagnóstica do Albert Einstein. O Hospital São José, hospital premium focado em oncologia e que pertence à Beneficência Portuguesa, também tem planos de abrir seu centro de diagnóstico aos domingos para clientes que não são pacientes do hospital.
O Centro de Diagnóstico Brasil (CDB) atendia aos notívagos durante a madrugada em uma de suas unidades até o ano passado. “Preferimos fechar essa operação da madrugada. Em compensação, agora todas as nossas cinco unidades funcionam até meia-noite”, disse Roberto Kalil, diretor do CDB. A rede de laboratórios, que está com 100% de sua capacidade ocupada, tem planos de dobrar de tamanho até 2013.
“Administrar a agenda de exames de imagem é um dos principais desafios para o setor. Entre os nossos clientes, entre 6% e 12% dos pacientes não comparecem, gerando prejuízo para o laboratório”, disse o consultor da Formato Clínico. Não à toa, a Dasa está colocando médicos em suas unidades para ajudar a administrar o uso dos equipamentos.
Beth Koike | De São Paulo
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2011