Um novo sistema de diagnóstico molecular capaz de avaliar simultaneamente até cem indivíduos, diagnosticar até cem doenças e gerar resultados em cerca de 30 minutos está sendo desenvolvido por uma rede de instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico brasileiras.
A rede é formada pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Carlos Chagas (ICC), o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).
Denominado microarranjo líquido, o teste é fruto de uma iniciativa de nacionalização de insumos e testes para diagnóstico. O estudo já teve a etapa de laboratório concluída e já foi aprovado na prova de conceito. Atualmente os pesquisadores estão na fase de desenvolvimento de protótipo.
A expectativa é que o primeiro protótipo seja finalizado até o final deste ano e, em 2010, estão previstos os estudos piloto e multicêntrico necessários à validação e ao registro do produto na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Dentre os elementos que compõem o novo sistema de diagnóstico molecular estão uma placa com cem poços, sendo que cada poço possui cem tipos diferentes de esferas de cinco micrômetros de diâmetro, além de um equipamento que separa as microesferas individualmente, identifica o tipo de cada uma e verifica se são positivas ou negativas.
No microarranjo, cada tipo de microesfera tem uma cor específica e pode ser revestido com material genético de um determinado patógeno, o vírus ou microrganismo causador de doenças. Como há cem tipos de microesferas, de cem cores distintas, o sistema pode testar até cem patógenos diferentes de uma só vez.
Em cada poço da placa as microesferas se misturam com o soro dos indivíduos e, como há cem poços por placa, até cem pessoas podem ser testadas por vez.
Se um indivíduo foi infectado por um ou mais patógenos, seu soro apresenta anticorpos que se ligam às proteínas dos patógenos encontradas na superfície das respectivas microesferas. Uma terceira classe de molécula é adicionada ao poço e sua função é reconhecer e se ligar aos complexos formados pelo anticorpo e pela microesfera: a ligação dessa terceira molécula caracteriza uma microesfera como positiva.
Todas as microesferas de cada poço são analisadas por um equipamento que emite dois tipos de raios laser. O primeiro identifica o tipo (ou a cor) da microesfera, enquanto o segundo verifica se ela é positiva, ou contém o anticorpo e, portanto, houve infecção, ou negativa, quando não contém o anticorpo.
Pesquisadores desenvolvem teste rápido
Uma rede de instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico brasileiras estão estudando um novo sistema de diagnóstico molecular
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