A hepatite viral é uma doença infecciosa que leva à inflamação do fígado, podendo causar a morte. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 400 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo tipo B da doença. No Brasil, não existem dados oficiais que demonstrem a abrangência da infecção pelos diferentes vírus (tipo A, B, C, D e E), mas estima-se que existam dois milhões de portadores crônicos de hepatite B e três milhões de hepatite C. Esse número representa quase oito vezes mais a quantidade de pessoas portadoras do vírus HIV. Para conhecer a prevalência da doença em todo o país, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde está realizando o mapeamento das hepatites. O inquérito está sendo conduzido nacionalmente pela Universidade de Pernambuco (UPE) e conta com a participação de cientistas do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), coordenando várias áreas, informa a assessoria de imprensa da Fiocruz.
O inquérito investigará a ocorrência dos tipos A, B e C em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal. Cerca de 32 mil amostras de pessoas entre 5 e 69 anos serão colhidas. No Recife, a pesquisa começa em agosto, em 22 bairros, com a visita a residências pré-selecionadas onde as equipes aplicarão um questionário para colher informações socioeconômicas da população, como grau de escolaridade, acesso a saneamento básico, à água tratada e à coleta de lixo.
As equipes coletarão o sangue de 807 pessoas, de acordo com a prevalência da doença por faixa etária. “Ao encontrarmos uma pessoa da faixa estaria selecionada para aquela localidade, além de realizarmos o exame, aplicaremos um questionário específico para complementar as informações gerais e descobrir quais os hábitos de risco que determinam o contágio pelo vírus da hepatite e as áreas de maior incidência”, explica a pesquisadora do Departamento de Parasitologia do CPqAM e coordenadora epidemiológica da pesquisa em Pernambuco Zulma Medeiros. Todas as pessoas que tiverem o diagnóstico positivo serão encaminhadas para o Hospital Oswaldo Cruz (HUOC/UPE) para realizar o tratamento gratuitamente.
Com os dados coletados na pesquisa, o Ministério da Saúde poderá criar políticas específicas para o controle da doença, que devem incluir a realização de exames, tratamento e aplicação de vacinas. O projeto, que tem duração prevista de dois anos, deve apresentar até fevereiro de 2005 os primeiros resultados das regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Em Pernambuco, a pesquisa conta com a colaboração da Secretaria Estadual de Saúde e da Secretaria de Saúde do Recife. O diagnóstico das hepatites está sendo realizado pelo Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE). No Recife, a equipe de campo realizou, de 7 a 11 de julho, um teste piloto do projeto no bairro de Campo Grande, quando a equipe visitou 40 casas. A pesquisa conta com o apoio da Organização Pan-americana de Saúde (Opas).