Uma pesquisa da Unifersidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenada pelo professor Marcos Bosi Ferraz, do Centro Paulista de Economia da Saúde (CPES), concluiu que metade dos custos ocorre nos últimos quatro meses de vida. Conclusões podem orientar o planejamento do investimento público e privado em saúde. Os pesquisadores estudaram os gastos de uma empresa de assistência à saúde durante os quatro anos que antecederam a morte de 274 clientes. Verificou-se que 72% dos custos ocorreram no último ano de vida e cerca de 50% nos quatro últimos meses. O mesmo levantamento identificou que, quatro anos antes da morte, esses custos não ultrapassaram 0,5%.
De acordo com a pesquisa, nos 274 pacientes que evoluíram para óbito 42.8% e 41.9% dos custos incorridos nos últimos quatro anos por esta operadora de plano de saúde foram justificados por internações clínicas e cirúrgicas, respectivamente.
Nos três anos anteriores à morte, foi observado que as faixas etárias de zero a dez anos e a composta por maiores de 81 anos foram as que percentualmente mais consumiram recursos. Porém, em números absolutos, as faixas entre 71 a 80 anos e 61 a 70 anos foram as mais custosas.
O trabalho também constatou que os custos desse atendimento também cresceram significativamente, variando aproximadamente de ano a ano de 15% a 20%, indicador este que pode demonstrar que a inflação no setor saúde é bem superior a inflação da economia em geral. Fatores que justificam tal fenômeno são a crescente e maior utilização dos recursos já disponíveis, bem como a crescente incorporação de novas tecnologias, conseqüência da evolução do conhecimento, desenvolvimento e maior comunicação e acesso mais fácil à informação.
De acordo com Bosi Ferraz, o trabalho não teve a intenção de emitir juízo de valor sobre a propriedade da utilização dos recursos ou os custos da assistência à saúde nos últimos quatro anos de vida, mas sim simplesmente documentar o que hoje deve estar acontecendo tanto sistema privado e, muito provavelmente, também no sistema público de assistência à saúde.
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