A organização tem que ser mais forte que a pessoa à frente do negócio. Foi baseado neste conceito que o Hospital Nove de Julho, de São Paulo, passou a se governar desde que foi comprado pela Esho, grupo hospitalar presidido por Edson Godoy Bueno, controlador da Amilpar, em janeiro de 2008. Administrado pela família Ganme por 53 anos, a unidade passou os três anos anteriores à venda por um processo de profissionalização. Nele ganhou um conselho administrativo e de gestão que juntos cuidaram de preservar o ativo e também possibilitar o próprio processo de venda. “O Brasil passava por uma fase de maturação, de empresas familiares migrarem para uma gestão corporativa”, lembra o diretor presidente do Hospital 9 de Julho, Charles Souleyman Al Odeh. Foi assim que surgiu a ideia de usar o hospital como modelo desse aperfeiçoamento da governança, depois de adquirir 95,29% do capital social das Sociedades Hospital Nove de Julho S.A. e da Assistência Médica Nove de Julho Ltda.

Na compra, a Esho assumiu passivos e contingências da unidade, no valor estimado de R$ 171 milhões. Mas segundo Al Odeh, o problema era somente na esfera de propriedade e não na assistência. “Olhamos o que foi realizado pela administração familiar com muita atenção e não saímos desfazendo o que havia de bom. Nosso olhar era de reverência.” Sendo assim, depois de passar por uma fase de desconfiança por parte dos colaboradores, fontes pagadoras e até mesmo os clientes, a nova gestão do Nove de Julho anunciou altos investimentos em todos os setores do hospital. “E cumprimos com nossas promessas”, lembra. Entre os planos anunciados cerca de dez meses após a compra, uma ala VIP com oito suítes e a ampliação do número de leitos e da capacidade da UTI. “Ensinar pelo exemplo é a única maneira”, filosofa o diretor presidente.

Modelo de governança

Era também o momento de determinar a responsabilidade de cada ator nos moldes da governança corporativa. Nessa divisão de tarefas, o investidor ficou focado na assistência, e, o conselho administrativo, na eficiência. “Essa junção foi oportuna”, garante Al Odeh. Segundo o diretor presidente, há um equívoco nas administrações que deixam a gestão a cargo de quem cuida da parte assistencial, pois pode ocorrer uma confusão da pessoa que está a frente com a imagem da própria empresa. “A governança corporativa pode ser um instrumento que dá conta de uma empresa familiar, pois pode cuidar do problema da sucessão com uma estrutura que pensa simplesmente no que é melhor para a organização.”

Depois de quase um ano convivendo com a mudança, o Hospital Nove de Julho festeja o sucesso do novo modelo de gestão. Atendendo 95% por operadora e 5% por particulares, o hospital planeja para o próximo ano mais reformas e ampliação, investimentos em tecnologia, além de mais ênfase em treinamento. Para manter o padrão de qualidade, a unidade tem utilizado diversos instrumentos como Pesquisa de Atendimento ao Cliente, Serviço de Epidemiologia, Gestão de Processos e Indicadores de Desempenho, além da metodologia Balanced ScoreCard (BSC). “Não tenho dúvidas que a governança corporativa é capaz de garantir a perenidade das instituições.”

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