Está se tornando cada vez mais recorrente o anúncio de parcerias voltadas para o setor de saúde. A FH mapeou algumas alianças anunciadas recentemente para entender de que forma essa movimentação contribui para o desenvolvimento de novos negócios e traz melhorias para o setor.
Ano da Alemanha no Brasil
Até novembro deste ano, operadoras e hospitais devem disponibilizar os dados de atenção à saúde de acordo com o Padrão TISS 3.1 (ANS). De olho nesta oportunidade de mercado, as alemãs SAP e T-Systems se uniram para oferecer uma solução conjunta que promete ajudar os players de saúde neste processo rumo à interoperabilidade entre sistemas. Basicamente, a SAP passou a oferecer soluções em nuvem, contando com a infraestrutura da T-Systems por meio do modelo SaaS (sigla em inglês para Software como Serviço).
Para a vice-presidente de vendas para Ecossistema e Canais da SAP Brasil, Sandra Vaz, ?existe uma necessidade forte de nuvem. Os clientes querem focar no core business ao invés de perder tempo com a parte operacional da tecnologia?, disse em reportagem publicada no Saúde Web. Ela também ressaltou que a escolha pela T-Systems foi impulsionada pelas parcerias de sucesso em outros segmentos e data centers globalmente certificados. Atualmente a companhia possui quatro data centers no Brasil, dos 90 espalhados pelo mundo.
O contrato firmado pelas empresas, sob a descrição ?Infrastructure Technology Outsourcing? (ITO), tem duração de seis anos.
Do Brasil para o mundo
Pensando em trazer soluções para as chamadas salas híbridas, a Siemens Healthcare e a Maquet, fabricante de equipamentos para salas cirúrgicas, criaram um sistema combinado para diagnósticos e procedimentos. Na parceria, a Siemens Healthcare entra com seu equipamento robótico de angiografia, o Artis zeego, integrado com a Mesa Magnus, produzida pela Maquet. O primeiro fruto em conjunto está instalado no Hospital Pró-Cardíaco (RJ). ?A aceitação do mercado está sendo excelente uma vez que abrimos uma ampla gama de soluções e o cliente tem a facilidade de escolher aquela que melhor se adequa às suas necessidades?, conta o gerente da unidade de negócio angiografia da Siemens, Antônio Carlos Ribeiro.
Inicialmente, a aplicação destina-se principalmente à sala híbrida de cirurgia, mas no futuro, a solução será usada tanto para geração de imagens angiográficas quanto para cirurgias abertas. Ambas as empresas enxergam potencial de crescimento considerável no projeto, em particular para as áreas de cirurgia cardiovascular, neurologia, ortopedia, traumatologia e urologia. Segundo o executivo, foram necessários investimentos das matrizes da Siemens e Maquet para possibilitar a integração dos dois sistemas.
O acordo será aplicado em todo mundo e implantado nas filiais das empresas individualmente e em nível nacional. ?Estamos cada vez mais evoluindo para trazer simplicidade de procedimentos e rapidez, contribuindo para a diminuição do tempo de estadia do doente no hospital?, conclui.
Tecnologia com visão hospitalar
A parceria firmada entre o Instituto Israelita de Consultoria em Gestão, braço de consultoria e treinamento da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, com as empresas de tecnologia Intel, Microsoft e Totvs tem o objetivo de criar soluções para a gestão de hospitais do País.
Na prática, a aliança é uma tentativa de aproveitar o conhecimento que cada uma dessas organizações possui para que, juntas, desenvolvam alternativas para reduzir ou eliminar os problemas de gestão enfrentados pelos hospitais, como falta de padronização em procedimentos e carência tecnológica. A ideia é desenvolver um conjunto de soluções que será oferecido ao mercado ainda este ano.
Para o diretor de projetos e consultorias do Albert Einstein, José Henrique Germann Ferreira, os sistemas de gerenciamento hospitalar no Brasil, principalmente aqueles com módulo de prontuário eletrônico, estão ainda em um grau de desenvolvimento que permite boas oportunidades de inovação e melhoria. ?Sistemas de apoio administrativo-financeiro já consolidados no mercado determina aos hospitais um ganho em eficiência operacional que irá refletir em mais produtividade e resultados?, defende.
O papel da Totvs será desenvolver softwares de gestão hospitalar de acordo com novas necessidades e demandas, considerando que a empresa já fornece este tipo de solução ao mercado de saúde. O Einstein contribuirá, por meio do Instituto Israelita de Consultoria em Gestão, com práticas e processos a serem adotados para uma administração eficiente.
A Microsoft investirá na parceria com o SQL Server, plataforma de gerenciamento e análise de dados que proporcionará com alta disponibilidade o armazenamento e acesso às informações, a partir de dispositivos diversos, sustentando toda gestão do hospital. Já a Intel oferecerá tablets desenvolvidos nos Estados Unidos especialmente para o setor de saúde e configurados para a realidade brasileira. O aparelho pode ser esterilizado para ser usado até mesmo dentro de um centro cirúrgico, faz leitura biométrica e tem alça para transporte, além de leitor de códigos de barras para agilizar a identificação de medicamentos.
O diretor do Einstein antecipa que já existe um programa de gerenciamento hospitalar desenvolvido pela Totvs, com a participação do Hospital do Coração (Hcor), em uma plataforma SQL Server da Microsoft e com aplicativos da Intel, que deverá ser colocado no mercado ainda este ano. ?Neste projeto, o Einstein tem o papel de preparar os processos do hospital que adquire o sistema para a implantação do programa?, completa Ferreira.
De acordo com o diretor do segmento de saúde da Totvs, Nelson Pires, existem investimentos equivocados em relação à infraestrutura de TI, que desperdiçam recursos e têm pouco retorno para às organizações de saúde. ?Elas estão baseadas em processos desatualizados e sistemas ineficientes, com pouco controle. Sem informações qualificadas, sem condições de analisar seus resultados e com muita dificuldade de alinhar as equipes em busca de metas coletivas?, avalia. Sendo assim, a aliança estratégica entre estes diferentes atores do setor deve ser baseada em três pilares: infraestrutura de tecnologia, processos e sistemas.
Segundo o diretor da Totvs, o mercado de saúde tem muitas peculiaridades, mas o que determinou a união das empresas foi a possibilidade de criar padrões novos de qualidade em uma indústria onde ainda existe uma baixa taxa de informatização. Dados da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) apontam que no Brasil existem 7 mil instituições hospitalares. Dessas, apenas 19% estão informatizadas. ?O principal objetivo desta aliança é viabilizar a entrada de modernos modelos de governança de uma forma correta, evitando uma nova grande onda de investimentos equivocados e com baixas taxas de retorno?, reforça Pires.
Da prática para o científico
O Instituto Qualisa de Gestão (IQG) também tem feito uso de alianças para aumentar seus resultados em acreditação no setor de saúde. Por meio de parcerias com as sociedades brasileiras e associação representativas do setor, a entidade desenvolveu manuais de acreditação. A parceria com a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica, por exemplo, resultou em um manual de certificação de distinção específico para Serviços de Hemodinâmica, desenhado pela equipe técnica do IQG e depois validado pela entidade para certificação. ?Hoje temos quatro serviços certificados?, contou o CEO do IQG, Rubens Covello.
De acordo com o executivo, este modelo se mostrou vencedor, o que fez o IQG crescer em novas parcerias, como a Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (certificação por distinção de serviços de medicina hiperbárica), Associação Brasileira de Esterilização (serviços de esterilização e reprocessamento externos aos hospitais) e por apresentar ao mercado a Certificação por Distinção dos Serviços de Higiene Hospitalar, em parceria definida com a Sociedade Brasileira de Hotelaria. ?Todos estes selos são aplicados pelo IQG e homologados pelas sociedades parceiras e tem a validade de dois anos?, reforça executivo.