Tantos anos depois das tecnologias de digitalização de imagens radiológicas serem reveladas, os fabricantes de sistemas veem entre os visitantes da Jornada Paulista de Radiologia de 2014 (JPR) muitos interessados em, finalmente, deixar de alguma maneira o mundo analógico. Ou com o uso de tecnologias digitais, ao menos prolongar seus legados e garantir economia sem perda de capacidade.
O baixo nível de informatização das instituições de saúde brasileiras, principalmente aquelas afastadas dos grandes centros, impulsiona esta impressão. Boa parte do processo de migração passa também pela capacidade de transformar filmes físicos em arquivos digitais, além da adoção de softwares de gestão e manipulação de imagens radiológicas (Radiology Information System, ou RIS) e de arquivamento e armazenamento (Picture Archiving and Communication System, ou PACS) ? ativamente promovidos pelas empresas durante a JPR.
A Agfa Healthcare, por exemplo, esforçou-se para chamar a atenção em seu estande para o Retrofit, solução que transforma equipamentos de raio-x analógicos em digitais, modernizando antigas salas de radiologia a partir de uma solução de fácil instalação e capacidade de workflow (além de equipamentos mais modernos, é claro, que podem ser visto nesta galeria). E, como não poderia deixar de ser, integração com sistemas de PACS/RIS e de gestão, o HIS (Healthccare Information System).
?A digitalização não é algo novo, porém, principalmente em países emergentes, há um grande potencial de clientes que ainda usam filmes. Muitos têm máquinas robustas, de 20 anos ou mais, que ainda funcionam?, explica o gerente de vendas da empresa, Leonardo Faleiros. Para Daniela Galor, coordenadora de marketing para América Latina, a solução é a ?menina dos olhos? da Agfa ao permitir alcançar regiões mais distantes do País e abrir portas para comercialização de um pacote mais completo de soluções, inclusive com tecnologia (muito) mais avançada.
Aqui é preciso lembrar que, em 2011, a Agfa adquiriu a WPD, especialista em TI para saúde e fornecedora de serviços de consultoria e sistemas de gestão clínica e hospitalar (Medview) para pequenas instituições. Médias e grandes terão o Orbis, já bastante popular na Europa, com 950 instalações. Analisando todo o conjunto de sistemas, trata-se de uma oferta fim a fim na área de imagem diagnóstica.
Seguindo o mesmo princípio de oferta completa, mas alcançando o portfólio de forma distinta, a Microdata aumentou o estande da JPR em 2014. A empresa foi comprada pela MV, maior fornecedora brasileira de sistemas de gestão hospitalar, segundo o estudo Antes da TI, a Estratégia, da IT Mídia, em 2012. Desde então, totalmente integrada à empresa pernambucana, vem oferecendo soluções de RIS e PACS integradas ?como se fossem um produto só?, explica Luiz Claudio de Souza, consultor da empresa.
?O foco [da MV] era dar todo o apoio de investimento necessário para [a Microdata] ser referência. Integrar nossas soluções de forma nativa?, diz Orandi Silva, diretor comercial da empresa. ?Hoje temos um produto com interface única, os dados do paciente em um ambiente.?
Isso não significa, como Silva faz questão de ressaltar, que não seja possível integrar os sistemas de imagem da Microdata aos de gestão de outras marcas, apesar da relação da empresa com a MV remontar a 2004. ?Sempre entramos no mercado como um todo. Estamos indo para outros países, temos que integrar?, completa Orandi.
Com a aceleração das vendas de sistemas de gestão e armazenamento de imagens da Microdata impulsionados pelos atuais clientes da MV, Orandi estima entre 20 e 25% o crescimento isolado da empresa em 2014.
Modelo tradicional
Ainda há, no entanto, quem veja vantagem em continuar atuando no segmento de sistemas de imagem independentes dos de gestão, apostando efetivamente em formas de integrar seus softwares aos de diferentes fabricantes. É esta a aposta da Carestream, que ainda sustenta linhas de negócio importantes na área analógica e também aposta na entrada dos clientes no mundo digital.
?Queremos ser o provedor de imagens?, explica Leonardo Sasso, gerente de produtos da Carestream, ao ressaltar que o portfólio da empresa passa por equipamentos de captura e sistemas de gerenciamento de imagens de modo a criar um workflow possível de ser integrado em sistemas de gestão de praticamente qualquer fabricante. ?Sistemas isolados não vão trazer qualquer benefício. Nossa preocupação é com a integração?, acrescenta.
A chave: padrões e protocolos internacionais de integração no qual a empresa se foca para ?permitir mais liberdade de escolha? e alcançar um maior número de hospitais no Brasil e fora dele. Isso inclui os HIS de grandes empresas ? inclusive WPD e MV, citadas mais acima ? e os desenvolvidos internamente (Fleury, Hermes Pardini e outros).
O próximo passo da Carestream, e para o qual convergem muitos dos fornecedores de sistemas, é a nuvem. Soluções web que permitem acesso e análise de imagens a partir de qualquer dispositivo e em qualquer lugar parecem a próxima fronteira a ser alcançada. E, conforme o mercado se expande, parece mesmo provável que as diferentes propostas de valor, no que tange a oferta de soluções de TI para radiologia, permitam espaço para todos.
No fim, quem manda é o cliente.
PACS e RIS mais gestão corporativa: qual a oferta vencedora?
Com digitalização em pleno interesse, fabricantes mostraram diferentes abordagens para a integração de sistemas
Tags