Programa Estadual coordenado pelo cirurgião Cid Pitombo supera marca de combate à obesidade com 100% das cirurgias feitas por videolaparoscopia

Êneo de Lima, 59 anos, chegou a pesar 230kg. Mas é o número 3 mil que ele garante que nunca mais vai esquecer. Realizada há poucos dias, a cirurgia bariátrica que o ex-militar fez no Hospital Estadual Carlos Chagas, no Rio de Janeiro, registrou recorde nacional de operações por videolaparoscopia no sistema público de saúde. Todas feitas pelo médico Cid Pitombo, o mesmo que operou os atores André Marques e Leandro Hassum.

“É um trabalho de resgate desses pacientes do SUS, realizado com muita dedicação e seriedade por toda a equipe. Devolvemos à sociedade o paciente antes obeso que não trabalhava, que tinha vergonha de comprar roupas e que não tinha mais vida afetiva”, conta o cirurgião Cid Pitombo.

Como grande parte dos obesos mórbidos, ao longo da vida Êneo foi ganhando peso por questões que vão além da alimentação. Procurou o Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica pela primeira vez em 2013 por ter a consciência de que a obesidade é uma doença e precisava ser tratada. Aos 213 kg aguardava sua vez quando precisou fazer a difícil escolha de deixar a saúde de lado para cuidar de um problema familiar. Em 2018, com 230kg, voltou a buscar tratamento no Sistema Único de Saúde, no programa coordenado pelo médico Cid Pitombo. Para que fosse operado com segurança, passou por todas as etapas de preparação com nutricionista e psicóloga até chegar ao peso de 175kg e receber o aguardado sinal verde para passar pelo procedimento. Além de um futuro com qualidade de vida, Êneo espera retomar sua vida profissional após a cirurgia. Ele, que tem uma pequena empresa de salgados por encomenda, mas não consegue se dedicar ao negócio como gostaria por causa do peso em excesso.

Indiretamente, através da cirurgia bariátrica, ele encontrou também, um novo amor. Os dois se conheceram entre uma consulta e outra com a equipe multidisciplinar do ambulatório do Hospital Estadual Carlos Chagas. Foi amor à primeira vista. Começaram a conversar e, hoje, o casal planeja os próximos capítulos de sua história com mais saúde.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2018 foram realizadas 11.402 cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde. Até o mês de maio de 2019 foram realizados 5.073 procedimentos em todo o país. Por aqui, desde 2010, com o Programa de Cirurgia Bariátrica no Hospital Estadual Carlos Chagas, já passaram moradores de todas as regiões do Rio de Janeiro. A média de atendimentos ambulatoriais é de 2.000/mês e a taxa de sucesso é de 99%.

“É fundamental discutir formas de combater a obesidade e promover a alimentação saudável. E isso precisa ser uma política pública adotada urgentemente”, destaca Cid Pitombo.

O combate à obesidade no Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica é feito por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas. Mais de quatro mil pacientes estão em acompanhamento pré e pós-operatório. Além disso, são realizadas 40 cirurgias mensalmente.

Perfil do especialista

Há quase 25 anos, ao sair da faculdade, Pitombo foi para os Estados Unidos se especializar em cirurgia laparoscópica. Voltou ao Brasil cinco anos depois para aprender sobre cirurgias da obesidade e, ao final do mestrado e doutorado, rodou grandes centros de cirurgia bariátrica nos EUA. Logo percebeu que os conhecimentos sobre laparoscopia e obesidade eram uma área a ser explorada. Juntou-se aos grandes nomes da cirurgia bariátrica, experimentou diferentes técnicas, operou e deu aulas em diversos países e se tornou referência no Brasil em cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, técnica que utiliza em todas as unidades em que opera. O procedimento é menos invasivo e proporciona recuperação mais rápida do paciente.

Como ter acesso à bariátrica pelo SUS

Para se candidatar à cirurgia bariátrica no programa do Estado, o paciente deve procurar um atendimento ambulatorial próximo de sua casa para que um médico avalie a necessidade da cirurgia. Se a operação for indicada, o médico da atenção básica deve inserir o paciente na Central Estadual de Regulação, que faz o encaminhamento para o Programa de Cirurgia Bariátrica do dr. Cid Pitombo. As regras da fila são estipuladas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde.