Quando o assunto é “água”, não é infrequente que surja a pergunta: Por que tanta preocupação com a água se dois terços do planeta é composto por ela?
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O motivo é simples, somente cerca de 0,0008% do total da água de nosso planeta é potável, sendo que atualmente o ser humano consome aproximadamente 54% da água doce acessível dos rios, lagos e reservatórios subterrâneos e, se continuar aumentando a sua utilização no ritmo atual, dentro de 25 anos, ou seja até 2034, a humanidade absorverá 90% da água doce disponível no planeta. Além disso, os nossos rios, lagos e represas estão sendo contaminados e degradados pela ação predatória do homem. Atualmente mais da metade nos nossos rios, por exemplo, está totalmente poluída provocando assoreamento e diminuição do seu volume.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que aproximadamente, uma em cada seis pessoas (mais de um bilhão de pessoas no mundo) não tem acesso à água potável e cerca de 1,7 bilhão não tem sistema de esgoto. A falta de água limpa, por sua vez, causa a morte de quatro milhões de crianças por ano. No Brasil, a contaminação da água e a falta de saneamento respondem por 63% das internações pediátricas e 30% da morte de crianças com menos de um ano de vida.
O acesso à água tratada é essencial para a sobrevivência da espécie humana, não somente para prevenir a morte por desidratação, mas também para reduzir o risco de doenças relacionadas com a água contaminada, promover as necessidades básicas de higiene e ainda na preparação e consumo dos alimentos.
Além disso, a produção mundial de alimentos depende da disponibilidade de água. Atualmente, a irrigação cobre aproximadamente 20% da área agrícola mundial e contribui para 40% da produção total de alimentos. A agricultura irrigada é responsável por aproximadamente 70% de toda a água doce utilizada no mundo, e mais água será usada no futuro, para atender a demanda crescente de produção de alimentos. Com a previsão de maior utilização da água para irrigação, estima-se que 1 em cada 5 países em desenvolvimento sofrerá de escassez de água até o ano de 2025. No campo torna-se essencial, portanto, que os agricultores se conscientizem quanto à necessidade de armazenar mais água da chuva e reduzir o desperdício ao irrigar suas plantações.
A falta de saneamento básico, juntamente com o uso inadequado da água na agricultura é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a principal ameaça às reservas de água doce do planeta.
A situação é tão preocupante que, segundo a ONU, a previsão é que em 20 anos cerca de 60% da população mundial, sobretudo nos países em desenvolvimento, viverá em absoluta falta de água. No intuito de promover ações coordenadas e aumentar a consciência sobre a importância da proteção e do gerenciamento da água, a Assembléia Geral ONU instituiu, em 22 de merço de 1993, o Dia Mundial da Água e proclamou o período de 2005 a 2015 como a Década Internacional da Ação sobre o tema “Água, Fonte de Vida”.
É importante nos conscientizarmos não no Dia Mundial da Água, mas em todos os dias do ano sobre o uso racional, utilizando de maneira consciente e sem desperdícios. As autoridades, por exemplo, devem investir na adoção de técnicas de reuso de água e na construção de infra-estrutura de saneamento, já que 90% do esgoto produzido no País é despejado em rios, lagos e mares sem nenhum tratamento. Além disso, cada um de nós pode contribuir fazendo a sua parte na preservação deste bem tão valioso, adotando medidas simples tais como:
- Evitando desperdícios nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças, etc);
- Não jogando lixo nos rios e lagos;
- Reutilizando a água quando possível (a água utilizada para lavar roupa pode, por exemplo, ser reutilizada na limpeza do chão da cozinha);
- Evitando lavar a calçada com água;
- Divulgando as idéias de preservação da água na sua comunidade.
Gerir melhor os recursos hídricos de nosso planeta é a chave da nossa sobrevivência e do desenvolvimento sustentável no século XXI.
*Yolanda Scrank é médica formada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Residência médica em Clínica Médica pelo Hospital da Lagoa, e em Endocrinologia e Metabologia pelo Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia-IEDE; título de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – SBEM e pela Associação Médica Brasileira; mestrado em Endocrinologia e Metabologia pela PUC – RJ. Além de professora associada do Curso de Especialização em Endocrinologia e Metabologia da PUC – RJ, e médica endocrinologista do Serviço de Diabetes do IEDE, e também do Canal do Médico da Dasa.
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