Sim. Vamos chegar a isso com uma nova postura para o setor. Mas é impossível fazer essa reflexão sem levar em conta o formato do sistema de saúde nacional. Hoje funciona assim: todos os brasileiros têm direito ao atendimento de saúde numa rede pública que se esforça para cumprir este papel. Complementando este atendimento que não cabe dentro do Sistema Único de Saúde há os planos de saúde que atendem cerca de 54 milhões de brasileiros. Mas o atendimento de saúde passa pela política de saúde e pela forma como os governos encaram a questão. Claro que temos programas importantes que amenizam a dor e o sofrimento de quem está doente, assim como também há programas preventivos, de vacinação, de saneamento básico etc. Mas não é só isso.
A população e os profissionais de saúde precisam entender que a responsabilidade da manutenção da saúde não pode ser restrita a quem está no segmento. Ao contrário, tem que partir de cada um, de cada consultório, de cada hospital ou laboratório. Para isso acontecer é preciso uma ampla revisão dos conceitos e da forma de relacionamento destes envolvidos no sistema de saúde. É preciso que se faça efetivamente a chamada atenção integrada de saúde visando a promoção de saúde. Isso significa que a troca de informação sobre os pacientes entre os integrantes da rede de assistência seja aberta e nivelada com a implantação de prontuários eletrônicos e outros sistemas de comunicação. Para isso é necessário ter a gestão desta informação que permitirá aos clientes terem um histórico de sua saúde e cuidados recebidos além de dar ao médico ou hospital uma gama de informações de saúde que facilitarão diagnósticos e tratamentos.
O segundo aspecto é a necessidade da promoção de saúde não só como beneficio para o cliente, mas também do ponto de vista financeiro. O serviço é caro para quem paga e para quem presta. Pesquisas mostram que as fontes pagadoras colocam, por ano, no setor quase 200 bilhões de reais sendo que a população paga 39%, o governo 48% e as empresas do setor 13%. Outra abordagem importante é na forma como os serviços são pagos. Estudam-se diversas alternativas para remuneração dos profissionais e prestadores a partir dos resultados de saúde dos clientes. Isso significa que o segmento poderá, no futuro, receber não só pelo serviço prestado (exames, consultas etc.), mas também pelo nível do cuidado que teve com o paciente e pela manutenção de sua saúde. Com um contingente de saudáveis o sistema terá mais condição de atender a quem precisa.
Tudo isso é relativamente novo para o Brasil, mas se estes aspectos se desenvolverem simultaneamente o custo final para o cliente de plano de saúde será menor, com as pessoas que têm níveis de saúde diferentes pagando valores diferentes e consequentemente mais baratos. Concluindo: os preços podem baixar sim, desde que estes conceitos sejam nivelados e praticados, que os diversos interesses sejam afinados no resultado de saúde (o que provavelmente acontecerá sob risco de um colapso de toda a rede) e, mais importante, quando todos os envolvidos no sistema de saúde estiverem dispostos a adotar realmente, e não paliativamente, a promoção da saúde.
* Emerson Fidelis Campos é presidente da Federação das Unimeds de Minas Gerais. Coordenador dos livros “Modelo Cuidador da Federação das Unimeds de Minas Gerais”; “A cadeia de valor em saúde – Uma proposta de reorganização da Atenção na Saúde Suplementar” e “Inovação e prática no gerenciamento de condições crônicas”
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