Em um cenário de intensa evolução e competitividade, as organizações são obrigadas, cada vez mais, a conviverem com o surgimento de novas ideias e soluções, a maioria impulsionada por startups que não possuem a mesma estrutura e carteira de clientes. Assim, elas enfrentam um grande paradoxo: por um lado, precisam garantir a prestação do serviço com alta qualidade a um público exigente e que não aceita erros ou atrasos; por outro, têm a necessidade constante de inovarem rapidamente para encarar estas novas ameaças do mercado que conquistaram com muito esforço ao longo de suas trajetórias.

A questão é justamente como fazer isso sem impactar os processos existentes e comprometer a rotina da própria empresa ou de seus clientes. A alternativa é investir no conceito de Organização Ambidestra. Isto é, garantir que uma equipe fique responsável pelos serviços que sustentam a companhia, mantendo a qualidade, desempenho, disponibilidade, segurança e a busca por “erro zero” em um ambiente totalmente controlado, enquanto que outro time seja orientado à experimentação, à rápida mudança de rumo do setor e que encara o erro como um processo natural do processo evolutivo.

Para garantir a sustentação deste modelo organizacional, é preciso adotar uma plataforma que possibilite essa convivência do “tradicional” com o “novo”. Afinal, uma corporação estruturada não pode se dar ao luxo de simplesmente criar soluções totalmente desconectadas com o que ela construiu anteriormente. Este recurso é conhecido como Bimodal, que possibilita essa harmonia de forma que as inovações possam se beneficiar do que já foi anteriormente desenvolvido, desde uma simples consulta de cadastro até as funcionalidades mais operacionais da empresa.

Para compreender o funcionamento desta nova estrutura, ignore os aspectos tecnológicos por um momento e confira um exemplo corriqueiro: o pagamento com um cartão de débito. Do lado do banco há toda a segurança e formalidade exigida na transação, pois não pode ocorrer um erro sequer em nossa conta corrente. No lado do comerciante há uma infinidade de soluções que engloba desde o sistemas pesados dos grandes varejistas até o equipamento conectado a um celular com o vendedor na praia. Neste caso, vemos como uma função protegida (a transação) é executada de forma segura por diversos tipos de front-ends (equipamentos) que adotam o nível de segurança adequado ao volume de negócios aos quais se destinam – mas esses front-ends somente executam a função que é atribuido pelo legado inerente ao próprio processo de inovação.

Este modelo de atuação é justamente o que permite e consolida a atuação de hubs de negócios, principalmente em setores vitais, como saúde. Isso porque de um lado é preciso garantir que todos os processos e recursos que a empresa oferece já estejam integrados e capazes de conversarem entre si. Por outro, é essencial desenvolver soluções inovadores que melhoram a vida dos profissionais que participam dessa cadeia, sejam eles da indústria, da

distribuição ou do varejo. Em suma: proporcionar tecnologia na medida certa para atender todas as demandas de seus clientes e parceiros.

Vivemos em um mundo conectado, com as pessoas e empresas se relacionando em diferentes canais, e certamente esse cenário vai se fortalecer ainda mais nos próximos anos. Dessa forma, torna-se praticamente obrigatória a implementação de uma infraestrutura ambidestra e bimodal dentro das corporações. Afinal, o cliente vai buscar cada vez mais soluções integradas que facilitem e otimizem sua vida. Ou os empreendedores se adaptam a esta nova ideia, ou ficarão para trás na luta cada vez mais concorrida em todos os setores.

Sobre o autor

Natalino Barioni é CVO (Chief Visionary Officer) da Interplayers