Um dos grandes dilemas atuais da Medicina no Brasil é a falta de leitos para cuidados críticos nos hospitais brasileiros, ou seja, leitos de UTI. Esse número vem aumentando ao longo dos últimos anos, porém ainda é inferior ao recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que sugere entre 7% a 10% dos leitos hospitalares para UTIs.
A medicina como conhecemos hoje é baseada em três pilares: o contínuo aperfeiçoamento de seus profissionais; as pesquisas dos medicamentos, que permitiram avanços incontestáveis na cura de várias doenças; e o avanço da tecnologia, que permite medições, acompanhamentos e diagnósticos cada vez mais precisos. Esses três aspectos somados facilitam a tomada de decisão por parte do profissional de saúde.
E como a tecnologia pode ajudar a mudar esses dois aspectos? A tecnologia pode facilitar a redução da mortalidade nas unidades abertas e fechadas, no tempo de permanência, aumentando, assim, a rotatividade dos leitos e permitindo uma oferta maior desse recurso para os pacientes que necessitem de cuidados críticos.
Atualmente, empresas globais, como Philips, Siemens, Intel, CISCO, GE, TrakHealth, Intermec e, no Brasil, Fanem e Dixtal estão cada vez mais integrando as tecnologias existentes neste ambiente com os objetivos de aumentar a assertividade e facilitar a tomada de decisões clínicas e administrativas, por parte dos profissionais envolvidos na medicina.
As instituições de saúde que realizarem mais investimentos em tecnologias integradas ganharão vantagem em relação à concorrência e estarão atraindo um maior número de clientes, com retorno mais significativo.
O que já é feito?
Atualmente os monitores beira-leito, ventiladores e bombas de infusão podem interagir com prontuários eletrônicos dos pacientes (PEP), além dos sistemas de imagens digitais (PACS), facilitando uma série de decisões do corpo clínico dentro da unidade. Além disso, os profissionais têm acesso via WEB a esses dados e informações para ensino à distância ou opiniões de especialistas, quando necessário.
Instituições privadas são as que mais investem neste tipo de tecnologia, pois além do retorno financeiro, por meio do maior controle sobre cada operação realizada na organização, se ganha também com o retorno de imagem positiva que ações geram na mídia e na população em geral. A área pública começou a se mexer e vários Estados e municípios usam a TI (Tecnologia da Informação) como aliada na saúde, mas projetos de informatização como o da Secretaria Estadual de Saúde do Governo do Distrito Federal, que está implantando o PE. em toda a rede de saúde pública, ainda são vistos como muito ousados nesse segmento.
E o Futuro?
Em um futuro não muito distante, as unidades de cuidados especiais, chamadas hoje de UTIs, terão um arsenal tecnológico a seu dispor, capaz de melhorar muito os processos internos e, principalmente, a qualidade de vida do paciente. Poderemos ter imagens do corpo do paciente em tempo real sem precisar levá-lo a tomografia, pois teremos “tomógrafos à beira leito”, acessíveis para muitas unidades, e os equipamentos não utilizarão fios para a comunicação com os pacientes e com as demais máquinas. Teremos cartões e/ou chips com toda nossa informação clínica, que poderá ser interpretada em qualquer parte do mundo, permitindo aos profissionais diagnósticos mais rápidos e assertivos. Estes conceitos serão disseminados para as outras áreas da saúde, conforme as necessidades de cada uma delas. Em suma, o que o Doutor Mc Coy fazia em Jornadas nas Estrelas, utilizando o seu tricorder, estará bem mais próximo de nossa realidade na próxima década.
* Sílvio César de Oliveira é engenheiro, consultor e palestrante na área médica.
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