Não gostei da reação de meu Conselho no caso dos emagrecedores. Sem entrar no mérito da decisão da ANVISA, me preocupou a forma como nos posicionamos. Segundo saiu aqui no Saúde Web, “os médicos pretendem recorrer à Justiça contra a decisão de proibir a venda e o uso dos remédios para emagrecer à base de anfetaminas. Não podem tirar a autonomia do médico. Nós sabemos o que é bom para o paciente?”, teria dito Dimitri Homar, segundo vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal.
Talvez tenhamos perdido o foco no paciente e estejamos discutindo quem tem mais autoridade: Conselho ou ANVISA, ANVISA ou Conselho?
Homar teria se posicionado assim ao sair da fatídica reunião da diretoria da Anvisa, na sede da agência reguladora. Não podíamos ter tentado pautar a ANVISA pela autoridade científica (e não pela simples autoridade) com antecedência e de forma organizada? Uma sugestão seria termos organizado um fórum nacional para debater a questão, emitindo um “statement” consensual de base científica sobre os emagrecedores. Ninguém pode dizer que não deu para se preparar melhor para este debate, pois o assunto está em evidência há meses.
Encontrei diretriz do Conselho Federal de Medicina, em parceria com a Associação Médica Brasileira, para tratamento da obesidade (Projeto Diretrizes). O documento, no entanto, é elaborado por um único autor que possui relevantes conflitos de interesse (todos declarados). Seria interessante juntar mais experts na área, não apenas um, para emitir recomendações técnicas em nome de todos os médicos brasileiros. Outra política que já vem sendo adotada internacionalmente por algumas organizações é: Guidelines e diretrizes – participam todos, vota quem não possui esse tipo de vínculo.