O Brasil ainda entendeu pouco sobre sua transição demográfica. Há algum tempo, já venho falando da magnitude dessa transição sem precedentes em nossa história. E, o que é mais significativo, é bem provável que território verde-amarelo jamais passe novamente por essa transição de forma tão veemente. A questão é que estamos envelhecendo bastante rápido. Por exemplo, é bem possível que jamais tenhamos o número de crianças que tivemos nos anos 90.
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De fato, durante essa última semana, três notícias chamaram a atenção: população com mais de 50 anos está, cada vez mais, vulnerável à AIDS; em 16 anos, a longevidade do brasileiro aumentou cinco anos; e o governo terá um gasto maior com inativos do que ativos já a partir de 2009. Ou seja, com o envelhecimento da população, as conseqüências já podem ser notadas hoje. O Brasil não é mais o país do futuro e nem o futuro pertence às nossas crianças. Na contramão desse pensamento, na realidade, o Brasil é o país do presente, e o futuro pertence aos idosos.
Há muitas organizações sociais no Brasil que já perceberam essa mudança e vêm trabalhando com afinco para minimizar as conseqüências sociais e econômicas de nossa transição demográfica. No entanto, o governo continua esperando a onda vir para remediar. O único problema é que o custo de uma intervenção tardia será o aumento significativo dos investimentos necessários para o bem-estar da população.
O Ministério da Saúde, com base em novos dados epidemiológicos, compreendeu que a população acima de 50 anos deve ser priorizada no combate à transmissão do HIV, já que houve aumento de pessoas com o vírus nesta faixa etária. Outra iniciativa importante é a imunização contra a gripe entre idosos. Este é um bom começo, mas precisamos de políticas públicas integradas que façam repercutir estas iniciativas também a outras causas de mortalidade e pouca produtividade de indivíduos na maior idade. Programas de alfabetização também devem priorizar esses segmentos, pois preparar para o futuro é também fazer com que os idosos se sintam cada vez mais saudáveis e produtivos.
*Miguel Fontes é diretor da John Snow Brasil
As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicadas refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídia ou quaisquer outros envolvidos nesta publicação.
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