Do ponto de vista da economia da saúde, posso simplificar o mundo em 3 grupos: Priorizam custo-utility/custo efetividade (farmacoeconomia propriamente dita) para análises de tecnologias médicas, países que priorizam análises de impacto orçamentário (mesmo sendo custo-efetivo, a restrição orçamentária impede muitas das incorporações) e países que não utilizam análises criticas (basta ser efetivo ou  — pior —  basta ser novo, para ser incorporado).   Canadá, Suécia e Reino Unido são bons exemplos do primeiro grupo., cuja farmacoeconomia é uma ciência madura e largamente debatida. Toda tecnologia médica passa por um ritual de análises a fim de determinar se tem sentido, na perspectiva social, disponibilizá-la para população. Mesmo que agência de análises como a National Institute for Clinical Excelence (NICE) no Reino Unido seja contestada em vários aspectos, é um benchmark deste modelo.  Entende que tecnologias com ganhos prognósticos marginais ou pequenos  não devam custar fortunas. Tem sentido.   Alemanha recentemente se proclamou no segundo grupo: se  determinada tecnologia médica for aumentar o budget já alocado para saúde, não deve ser aceita. Não interessa  se é custo-efetiva (entenda-se, tem preço razoável para a vantagem que traz). A leitura germânica é de que para aumentar alocação de recursos para saúde, deve ser reduzido o orçamento da educação, infra-estrutura, …. seja lá o que o povo decidir…. A mensagem e simples: não tem mágica: quer gastar mais com alguma coisa, tem que tirar de outra. Também tem sentido     Os EUA são tipicamente o terceiro grupo. Um grande gastador em saúde. Tanto que tem quase 17% do seu PIB alocado para isso, com risco de atingir 20% até o fim desta década. É  completamente fora das curvas. Pior: não tem índices de saúde bons. Desperdício de recursos, epidemia de litígios e preços irreais criaram um contingente de 50 milhões de norte-americanos (16% da população) sem acesso a saúde pública ou privada. Eles estão, neste momento, tentando arrumar a casa com a reforma do governo Obama. Para aqueles que acompanham publicações médicas como New England Journal of Medicine , JAMA e Annals of Internal  Medicine perceberam que todos os fascículos dedicam amplo espaço para este tema toda semana. Uma das medidas inclui um projeto milionário para análises de custo-efetividade comparativa, com meta de criar listas de prioridades.  A essência do pensamente atual é que, se meu paciente pode se beneficiar de alguma forma, tenho obrigação de usar. Novamente, tem algum sentido.   E o Brasil? Temos pretensões de sermos incluído no primeiro grupo. Necessidade de considerarmos o segundo grupo. Cultura de se comportar como terceiro grupo. Definitivamente, não tem sentido.   Os  stakeholders (aceito sugestão para tradução….) brasileiros vão ter que opinar de forma realista e construtiva. Temos que escolher onde o pais vai ficar. Por favor, tenham a liberdade de opinar.