A Oncoclínicas do Brasil, maior rede de clínicas de tratamento oncológico do país, promoveu no último sábado (8/2) seu primeiro intercâmbio científico e profissional com o Dana-Farber/Harvard Cancer Center, reconhecida instituição americana em pesquisa e excelência no tratamento de câncer. O evento apresentou a parceria entre as duas instituições e discutiu as melhores práticas para o tratamento personalizado e abordagem multidisciplinar do câncer de mama.
“Nossa ideia foi reunir os mais respeitados especialistas para fundamentarem suas visões e inter-relações na busca do estado da arte para tratamento de câncer de mama, levando aos participantes um vasto conteúdo científico”, afirmou Bruno Ferrari, oncologista e presidente do conselho de administração da Oncoclínicas do Brasil.
A abertura do intercâmbio científico contou com a presença do Prof. Dr. Adib Jatene, ex-ministro da saúde e diretor geral do Hospital do Coração (Hcor), que enalteceu a relevância da entidade para a evolução do tratamento cardíaco no Brasil e no mundo. “Que possamos repetir o que foi feito na Cardiologia agora na Oncologia”, salientou.
Dentre os principais assuntos discutidos, os destaques ficam por conta do aconselhamento genético, cirurgias profiláticas de mama e ovário, seleção de quimioterapia adjuvante, novos protocolos de radioterapia, e manejo cirúrgico e aspectos histopatológicos após quimioterapia neoadjuvante.
Aconselhamento genético
O diretor do Centro de Oncologia Mamária do Susan F. Smith Center for Women’s Cancer e professor de medicina da Faculdade de Medicina de Harvard, Dr. Eric Winer, abordou a ocorrência de mutações genéticas, com destaque para os genes BRCA1, BRCA2, TP53 e PTEN. “Testes com painéis contendo vários genes relacionados ao câncer podem ajudar a agilizar o diagnóstico de doença hereditária e reduzir o custo de avaliação, mas nem sempre é preciso fazer um mapeamento completo para obter maior precisão no tratamento. Quando se sabe a mutação específica (em caso na família), por exemplo, faz-se a análise específica dela. E os resultados contribuem para um tratamento mais adequado e menos oneroso, tanto para as pacientes como para hospitais e governos. As chances de cura, com isso, crescem significativamente”, disse.
Cirurgias Profiláticas de mama e ovário
O diretor do Serviço de Mastologia e professor assistente de cirurgia da Faculdade de Medicina de Harvard, Mehra Golshan, falou sobre as principais técnicas de mastectomia nos Estados Unidos. “A preocupação com a aparência é muito recorrente entre as pacientes do DFHCC, tanto que mais de 80% delas querem fazer a reconstrução mamária. É claro que a questão estética não pode ser ignorada, mas é necessário frisar que o tratamento primário deve sempre ser o câncer”, pontuou.
Seleção da quimioterapia adjuvante: quando os testes estão indicados?
O instrutor do Departamento de Medicina da Faculdade de Medicina de Harvard, Dr. Otto Metzger Filho, falou sobre a relevância da extensão tumoral para um melhor diagnóstico e quando os testes são indicados para a seleção da quimioterapia adjuvante. Metzger detalhou os avanços obtidos, principalmente no que se refere ao melhor momento para a realização de testes genéticos. “A avaliação da patologia é um processo muito complexo. Além de uma análise clínica precisa, os testes podem auxiliar no diagnóstico e posterior tratamento”, afirmou Metzger, que também é Advanced Fellowship do Dana-Farber/Harvard Cancer Center.
Radioterapia – Novos protocolos? Intra-operatória, parcial e hipofracionada
A professora assistente de radio oncologia da Faculdade de Medicina de Harvard, Jennifer Bellon, discutiu os novos caminhos para o tratamento de radiologia oncológica. “Sem dúvida possuímos as melhores taxas de controle em relação a qualquer tumor sólido. Isso se deve, entre outros fatores, à melhoria das imagens e da terapia sistêmica. Será que é possível retirar a radiação em alguns momentos, devido aos diversos inconvenientes que ela traz? Há dados que mostram que isso é, sim, possível”, analisou. Por fim, Bellon demonstrou que áreas menores podem receber uma maior quantidade de radiação, obtendo resultados em menos tempo.
O encontro recebeu o apoio da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC).