Perceber a necessidade de um público ou mercado para, depois, começar a desenvolver um produto ou serviço é prática recorrente no universo empreendedor. O que foge do padrão é idealizar algo que ainda não tem na mente das pessoas, que elas ainda nem sabem que vão precisar, querer e até nem vão conseguir viver sem. Podemos dizer que o Steve Jobs, co-fundador da Apple, foi mestre em fazer isso. É só ver o nível de satisfação dos usuários de um iPhone ou Mac – produtos teoricamente desnecessários -, mas atualmente imprescindíveis para a maioria de seus usuários.

Em recente artigo para o site Startupi, o investidor Anjo João Kepler diz procurar por ideias e soluções que resolvam problemas que ainda não são sabidos que vão existir. Isso sim é o que podemos chamar de projetos disruptivos, algo que com certeza explica o sucesso da Apple. O fascínio de Jobs por entender o que impactaria as pessoas fez com que a elegância e a simplicidade fossem elementos fundamentais dos produtos, além de todo o apelo sensorial de tudo o que a Apple faz.

Kepler citou em seu artigo uma frase que me chamou a atenção “o que procuramos é algo que mude o mapa mental e comportamental do consumidor. Mas não confunda uma solução útil ao mercado, com uma solução que mude a forma de pensar e de se fazer negócios e as coisas no cotidiano”.

A frase me gerou uma reflexão e a correlação com o diferencial de Jobs, que apesar de seus comportamentos polêmicos e egoístas, soube parar para buscar algo mais – não foi à toa que chegou a estudar o budismo e a frequentar um centro Hare Krishna. O discurso de que é preciso ter paixão por uma ideia, de que ela precisa ser inovadora, ter uma boa equipe e conhecer o mercado alvo, já está ficando ultrapassado para os investidores mais sensíveis e interessados em uma real disrupção.

Julgamentos à parte em relação à trajetória do executivo e suas relações pessoais, o fato é que no palco, em suas apresentações, ele sabia se relacionar e fascinar o público.

“Jobs, quando estava no clímax, fazia três coisas que qualquer um pode e deve fazer para aprimorar as habilidades oratórias e de apresentação: ele estabelecia contato visual, mantinha uma postura aberta e fazia gestos frequentes com as mãos”, segundo trecho retirado do livro “Faça como Steve Jobs e Realize Apresentações Incríveis em Qualquer Situação” (GALLO, CARMINE).

O livro relata que a ciência descobriu que o contato visual está associado à honestidade, confiança, sinceridade e segurança, evidenciando que o co-fundador da Apple sabia o que estava fazendo e os motivos de cada fala e slide.

Talvez buscar encontrar um propósito que desperte esse ponto de confiança e segurança interior seja o que os investidores, também mais inovadores, estão buscando.

Vale rever esse discurso histórico de Steve Jobs em Stanford (EUA):