Hoje trouxemos uma entrevista com o Dr. Eduardo Cruz, fundador da Axis Biotec. O Dr. Eduardo é um dos maiores nomes em biotecnologia no Brasil e a empresa fechou um Join Venture entre a PlantForm e a PharmaPraxis. Para saber mais sobre o cenário de biofármacos e biossimilares no Brasil, conhecer um pouco  mais sobre a empresa e sobre o Dr. Eduardo Cruz, leia a entrevista abaixo:

1. Queríamos saber um pouco mais sobre a sua trajetória até a criação da Axis Biotec. Você poderia nos contar? 

Em meados da década de 80, eu era estudante de Medicina e o Hospital do Andaraí era referência no tratamento de graves queimados e todo estudante passava por lá. Eu já tinha feito Farmácia Bioquímica na UFRJ e gostava, particularmente, de síntese orgânica, quando se fabrica moléculas em laboratório. E nós víamos que havia um produto importado, cuja substância ativa (que produz o efeito terapêutico) não era produzida no Brasil.

Percebemos que poderíamos produzir a síntese na área química da UFRJ. Assim, nós desenvolvemos a síntese de uma substância ativa chamada Sulfadiaziana de Prata, que acabou se tornando a referência no Brasil para o tratamento dos grandes queimados. Desta síntese de uma substância ativa nasceu um produto farmacêutico: o Dermazine, em 1989, o primeiro produto de umas das empresas do grupo, que é a Silvestre Labs.

Eu não estava no Polo Bio-Rio neste momento. Era uma coisa bastante pequena. Naquela época, nós fabricávamos o creme tópico em lotes de aproximadamente de 5 kg. Hoje, cada lote de Dermazine é de mais ou menos uma tonelada.

2. Como você vê o cenário para o desenvolvimento de biossimilares no Brasil frente à diferença de investimento e tempo necessários para a produção deles em comparação aos medicamentos genéricos? 

De cada 100 medicamentos que o Ministério da Saúde compra, dois são biológicos e representam mais de 50% do orçamento.  E esse cenário se tornará cada vez mais evidente com o envelhecimento da população e a necessidade ainda maior de medicamentos dessa classe. Então, medicamento biológico é algo importante para esse país como para qualquer outro. Hoje no Brasil, nem 10% das mulheres com um determinado tipo de câncer de mama têm acesso aos medicamentos, que custam R$ 200 mil. Nós vamos produzir e oferecer a menos da metade do preço.

3. A intenção para o futuro é a produção de biológicos no Brasil? Quais os maiores impedimentos e a perspectiva para este cenário?

Sim. Esses e outros inovadores, pois não podemos continuar correndo atrás e objetivamos estar, no mínimo, em paralelo com o resto do mundo. Os principais desafios desse setor estão relacionados ao pessoal qualificado. O Brasil, por não ter uma indústria estabelecida de biológicos, não tem o número de profissionais habilitados que serão necessários.

4. Sobre a Joint Venture entre a PlantForm e a PharmaPraxis, há perspectivas de aumentar a parceria dos seis atuais biossimilares para uma gama maior?

Claro. E não apenas biossimilares, mas “biobetters” que são os medicamentos biológicos inovadores e melhores. Planejamos produzir seis biofármacos essenciais para o mercado brasileiro, utilizando o sistema de produção de baixo custo da PlantForm. O primeiro produto que será desenvolvido é um biossimilar/biobetter do medicamento oncológico bevacizumabe, em colaboração com o Fraunhofer Center for Molecular Biology, em Newark, Delaware, Estados Unidos, que irá produzir o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para ensaios clínicos. E toda tecnologia será imediatamente transferida para nossas instalações na Bio-Rio e para nosso parceiro no Brasil, Bio-Manguinhos.

5. Quais os maiores pontos a favor das empresas brasileiras na produção deste tipo de biofármacos?

A acertada política do Governo Federal de estimular a nacionalização e a consequente redução de custo desses e de outros produtos.