O setor de saúde corre um sério de permanecer exatamente o mesmo nos próximos 10 anos. Essa foi a conclusão a que chegaram os participantes do debate sobre o futuro do setor, realizado durante o ClasSaúde, na Hospitalar. A constatação se deve à complexidade das mudanças que são necessárias para que haja um modelo sustentável de saúde.

“Nós, gestores de saúde, somos ótimos em diagnosticar, mas falhamos em apresentar propostas”, destacou o consultor e médico sanitarista, Mozart de Oliveira Júnior. Dentro do seu diagnóstico, para garantir a sustentabilidade do setor, é necessário garantir o bom desempenho em aspectos como garantir recursos, melhorar gestão, qualificar os profissionais, mudar o modelo de atenção à saúde e melhorar a percepção do cliente final. “A reorganização de saúde acontecerá de qualquer forma, pela pressão que o envelhecimento da população nos impõe. No entanto, seria mais produtivo trabalharmos de forma estruturada”, destaca.

A reorganização do setor, na opinião de Oliveira Júnior, aconteceria por meio de um novo modelo de profissional e de trabalho, de outras modalidades de remuneração, de uma melhor estratégia de comunicação, de novos conhecimentos e habilidades para intervenção, de novos sistemas de informação, de equipamentos, de custo inicial mais alto e de indicadores de resultados de médio e de longo prazo. Com isso, será possível ter um modelo integrado, baseado em evidência científica, uma regulação de mercado baseada em desempenho e uma política de incorporação tecnológica.

Para a diretora executiva da Fenasaúde, Solange Beatriz, enquanto não houver uma política de incorporação tecnológica, não há como se pensar em sustentabilidade do setor. “Os recursos são limitados e a renda é um fator limitador. Há que se considerar isso”, pontua.

Na opinião do presidente do Sindhrio, Josie Villar, o futuro da saúde depende também de ter serviços bem organizados para contribuir com o desenvolvimento do setor. “Essa organização tem que ser pautada em indicadores e numa avaliação adequada. Os hospitais precisam perseguir os modelos de acreditação e de qualidade”, salienta.

Como mais do que diagnosticar, o necessário é apresentar propostas, o diretor do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, José Cechin destacou a importância do envolvimento de todos. “Hoje temos a oportunidade de sermos os agentes de transformação do setor e canalizarmos esforços para isso, e entre eles o consumerismo. Caso contrários, estaremos aqui 10 anos mais velhos discutindo os mesmos problemas”, conclui.