Nos últimos anos, especialmente impulsionada pela pandemia de Covid-19, a telemedicina tem se consolidado como uma ferramenta essencial na área da saúde, revolucionando a forma como pacientes e profissionais de saúde interagem.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital, mais de 7,5 milhões de consultas foram realizadas por telemedicina no Brasil entre os anos de 2020 e 2021.

Com o avanço das tecnologias digitais e o aumento do acesso à internet, a medicina online possibilita consultas, diagnósticos e tratamentos à distância, rompendo barreiras geográficas e proporcionando maior comodidade e eficiência no atendimento médico. 

Por meio dessa prática, médicos e pacientes podem acessar exames e prontuários de qualquer lugar do mundo, utilizando tablets, computadores e smartphones conectados à internet.

Neste texto, vamos explorar o conceito de telemedicina, suas aplicações, benefícios, desafios e o futuro dessa prática que está transformando o cenário da saúde global.

O que é telemedicina

A telemedicina engloba toda a prática médica realizada à distância, abrangendo uma ampla gama de atividades, desde consultas e diagnósticos até monitoramento e tratamento de pacientes, sem a necessidade de deslocamento físico a uma clínica ou hospital.

A modalidade se apoia em ferramentas digitais como chamadas de vídeo, aplicativos de mensagens, plataformas de atendimento online e dispositivos móveis conectados à internet. 

Essas tecnologias permitem que médicos e outros profissionais de saúde avaliem, diagnostiquem e tratem pacientes em tempo real, independentemente da localização geográfica.

Além das consultas remotas, também existe a telemonitorização, que é o acompanhamento contínuo de pacientes com condições crônicas por meio de dispositivos que registram e transmitem dados de saúde, como pressão arterial, níveis de glicose e batimentos cardíacos. 

Esses dados são analisados por profissionais de saúde, que podem ajustar tratamentos e fornecer orientações personalizadas, mesmo fazendo a avaliação a distância.

A telemedicina também facilita o acesso a especialistas que, de outra forma, poderiam estar fora do alcance de muitos pacientes. Por exemplo, um médico generalista pode consultar um especialista em outra cidade ou país para obter uma segunda opinião sobre um caso mais complexo.

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O que é telemedicina segundo o CFM

O Conselho Federal de Medicina (CFM) define telemedicina “como o exercício da Medicina através da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em Saúde”.

Como a telemedicina funciona

A telemedicina funciona através da utilização de tecnologias de comunicação e informação que permitem a interação entre pacientes e profissionais de saúde, mesmo eles estando em locais diferentes. Aqui estão alguns exemplos de como isso é feito:

1. Consultas virtuais 

As consultas virtuais são realizadas por meio de chamadas de vídeo, onde pacientes e médicos se comunicam por plataformas de vídeo, como Google Meet, por exemplo. 

Durante a consulta, o médico pode avaliar sintomas, fazer diagnósticos preliminares, recomendar exames e prescrever tratamentos, tudo em tempo real.

2. Plataformas e aplicativos

Várias plataformas e aplicativos especializados em telemedicina facilitam o agendamento de consultas, a troca de mensagens, o envio de exames e a emissão de receitas digitais. 

3. Telemonitorização

A telemonitorização envolve o uso de dispositivos conectados, como monitores de pressão arterial, medidores de glicose e oxímetros de pulso, que registram dados de saúde em tempo real e depois transmitem as informações para os profissionais de saúde, permitindo o acompanhamento contínuo de pacientes mesmo de longe.

4. Prontuários eletrônicos

Os prontuários eletrônicos centralizam e armazenam todos os dados médicos do paciente, facilitando o acesso e a atualização das informações de saúde. Isso permite que médicos de diferentes especialidades colaborem de maneira mais eficiente e informada.

5. Teleconsultoria

Profissionais de saúde podem utilizar a telemedicina para se consultarem entre si. Médicos generalistas, por exemplo, podem buscar a opinião de especialistas que estão em outro estado ou país para auxiliar no diagnóstico e tratamento de casos complexos.

6. Atendimento emergencial

Em casos de emergência, a medicina remota pode ser utilizada para fornecer orientação imediata até que o atendimento presencial aconteça. Esse tipo de atendimento é muito útil em áreas de difícil acesso.

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Vantagens da telemedicina

A telemedicina vem evoluindo com as tecnologias e cada dia oferece mais vantagens para pacientes e profissionais da saúde que fazem uso dela. 

Ausência de barreiras geográficas

Uma das principais é dar acesso aos serviços de saúde para quem não tinha, possibilitando que pessoas em regiões remotas ou áreas com escassez de especialistas consultem médicos de grandes centros urbanos sem precisar viajar longas distâncias.

Economia de recursos

Além disso, a telemedicina também permite que consultas médicas sejam realizadas no conforto de casa, eliminando a necessidade de deslocamentos e economizando tempo e dinheiro, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida, idosos e pacientes com doenças crônicas.

Outro grande benefício é a redução de custos. Pacientes economizam em despesas de transporte e hospedagem, enquanto os sistemas de saúde podem otimizar a utilização de recursos e diminuir a necessidade de internações hospitalares. Também reduz o tempo de espera para consultas com especialistas, permitindo um atendimento mais rápido e eficiente.

Flexibilidade

Além disso, a flexibilidade no agendamento de consultas por telemedicina é um grande benefício, oferecendo horários fora do expediente tradicional e facilitando o atendimento de pessoas com agendas lotadas ou que trabalham em horários não convencionais.

Aprimoramento da gestão da saúde 

Por fim, a telemedicina melhora a gestão de saúde pública, podendo ser utilizada para rastreamento e monitoramento de surtos de doenças, campanhas de vacinação e educação em saúde pública, contribuindo para uma resposta mais rápida e eficiente a crises de saúde.

Evolução da telemedicina no Brasil

A telemedicina no Brasil evoluiu significativamente nas últimas décadas, impulsionada pela tecnologia e pela necessidade de ampliar o acesso aos serviços de saúde em um país de tamanho continental e com muitas desigualdades. 

Surgimento

Tudo começou com projetos pilotos nas décadas de 1990 e 2000, que nasceram com avanços na comunicação e internet, facilitando consultas remotas e transmissão de dados médicos.

Implementação

A implementação inicial de fato da telemedicina no Brasil começou nos anos 1990, impulsionada por empresas privadas. Este marco ocorreu mais tarde do que em países como os Estados Unidos, onde um sistema pioneiro de telemedicina foi estabelecido em Boston em 1967, envolvendo provedores de saúde médicos e não médicos. Foi apenas a partir dos anos 2000 que o governo brasileiro começou a promover ativamente o avanço da telessaúde no país.

Regulamentação

A regulamentação, sobretudo pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), foi fundamental, estabelecendo normas que foram atualizadas em 2020, durante a pandemia de Covid-19, para permitir um uso mais abrangente e seguro da telemedicina. Tecnologicamente, melhorias na conectividade e desenvolvimento de plataformas seguras impulsionaram ainda mais sua adoção, beneficiando especialmente áreas remotas e carentes de recursos médicos.

Impactando positivamente a saúde pública, a telemedicina reduziu filas de espera, possibilitou atendimento especializado à distância e melhorou a gestão de doenças crônicas. Além dos benefícios clínicos, tem sido fundamental na educação médica continuada, oferecendo programas online de capacitação e atualização para profissionais de saúde em todo o país.

O futuro da telemedicina no Brasil é promissor, com potencial para integrar novas tecnologias como inteligência artificial e realidade aumentada, fortalecendo ainda mais o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde em todo o território nacional.

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Existe diferença entre Telemedicina, Telessaúde e e-Saúde?

Sim, existem diferenças entre esses três termos, embora as pessoas confundam na maioria das vezes. Cada um deles tem um foco específico no campo da saúde digital.

Telemedicina 

Refere-se especificamente ao uso de tecnologias de comunicação para prestar serviços médicos à distância. Isso inclui consultas, diagnósticos, tratamentos e monitoramento remoto de pacientes. A telemedicina é uma extensão da prática médica tradicional, facilitada por ferramentas digitais como chamadas de vídeo e aplicativos.

Telessaúde

É um termo mais amplo que engloba a telemedicina, mas vai além dela. Inclui todas as atividades relacionadas à saúde que utilizam tecnologias de informação e comunicação. Isso abrange não apenas os serviços médicos diretos, mas também a educação e o treinamento de profissionais de saúde, programas de promoção da saúde e prevenção de doenças, além de iniciativas de saúde pública.

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E-Saúde

Conhecida também como saúde eletrônica, é o termo mais abrangente e inclui tanto a telemedicina quanto a telessaúde, além de outros aspectos da saúde digital. 

Refere-se ao uso de tecnologias digitais para apoiar todos os aspectos do sistema de saúde. Isso inclui prontuários eletrônicos, sistemas de gestão hospitalar, aplicativos de saúde para smartphones, plataformas de monitoramento de saúde, e até o uso de inteligência artificial e big data para melhorar a gestão e a prestação de serviços de saúde. 

Como a IA impacta na telemedicina?

A inteligência artificial (IA) está transformando a telemedicina de várias maneiras, trazendo avanços que melhoram a qualidade do atendimento, a eficiência dos processos e a experiência do paciente. 

Sistemas de IA são capazes de analisar sintomas relatados por pacientes e históricos médicos para fornecer diagnósticos preliminares e priorizar os casos de acordo com a urgência, agilizando o processo de triagem e garantindo que os pacientes mais críticos recebam atendimento imediato.

Além disso, a IA pode processar e interpretar exames de imagem, como raios-X, tomografias e ressonâncias magnéticas, com alta precisão. Algoritmos de aprendizado de máquina são treinados para detectar anomalias e condições específicas, como tumores, fraturas e doenças pulmonares, auxiliando os radiologistas e outros especialistas na interpretação de exames, aumentando a precisão dos diagnósticos e reduzindo o tempo de análise.

Dispositivos de telemonitoramento equipados com IA podem analisar dados em tempo real, como pressão arterial, níveis de glicose e ritmo cardíaco, identificando padrões e alertando os profissionais de saúde sobre possíveis problemas antes que se tornem graves.

A personalização do tratamento é outro benefício significativo da IA, permitindo recomendações ajustadas às necessidades individuais de cada paciente, com base em dados de saúde, genética e estilo de vida, resultando em tratamentos mais eficazes e uma abordagem de cuidado mais centrada no paciente.

Quando a telemedicina pode ser usada

A telemedicina pode ser usada em diversas situações, desde especialidades até serviços de saúde. Esses são os usos mais comuns:

Teleassistência

A teleassistência envolve o acompanhamento remoto de pacientes com doenças crônicas ou condições que requerem monitoramento contínuo. Pacientes podem medir seus sinais vitais em casa usando dispositivos conectados, como monitores de pressão arterial ou glicosímetros, e enviar esses dados para seus médicos. Isso permite ajustes rápidos no tratamento e intervenções precoces, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Telecirurgia

A telecirurgia, ou cirurgia remota, utiliza robôs cirúrgicos controlados por cirurgiões a distância. Essa tecnologia permite que especialistas realizem procedimentos complexos em locais onde não poderiam estar fisicamente, como em regiões remotas ou em áreas afetadas por desastres. A telecirurgia aumenta o acesso a cirurgias de alta qualidade e permite a colaboração entre equipes médicas em tempo real.

Telelaudos

A telelaudagem permite que exames médicos, como radiografias e tomografias, sejam analisados por especialistas a distância. Radiologistas e outros profissionais podem fornecer laudos rápidos e precisos sem estarem fisicamente no local onde o exame foi realizado. Isso acelera o diagnóstico e o início do tratamento, especialmente em áreas com escassez de especialistas.

Teleducação

A teleducação médica oferece programas de treinamento e educação continuada para profissionais de saúde por meio de plataformas digitais. Médicos, enfermeiros e outros profissionais podem participar de cursos online, webinars e workshops virtuais, atualizando seus conhecimentos e habilidades sem a necessidade de deslocamento. 

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