O papel da FBH na criação da ONA

A Federação Brasileira de Hospitais (FBH), fundada em 1966, é uma entidade associativa, sem fins lucrativos, que tem como objetivo representar e defender os interesses dos hospitais brasileiros. Sua missão é congregar as unidades hospitalares, procurando estabelecer diretrizes práticas e políticas que impliquem no fortalecimento empresarial e gerencial das instituições, visando melhorar os resultados obtidos pela rede hospitalar do país.

Em sua trajetória de quase 50 anos e parceira desde a primeira hora da ONA – Organização Nacional de Acreditação, que ajudou a criar, a FBH sempre demonstrou preocupação com a qualidade, credibilidade e aprimoramento das instituições que oferecem serviços de saúde em todo o país. Luiz Plínio Moraes de Toledo, presidente da ONA e um dos seus fundadores, já fazia parte da FBH antes do início da acreditação no Brasil e até hoje integra sua diretoria, comprovando o forte vínculo entre as duas entidades.

Além da participação fundamental na história da ONA, a FBH ajudou a montar associações de hospitais em vários estados brasileiros, colaborando para que as entidades estaduais tivessem mais autonomia. A FBH também participou ativamente da reformulação da política hospitalar; da introdução do sistema de atendimento informatizado e foi responsável pela criação de cursos para qualificação dos profissionais de instituições privadas, entre outras iniciativas marcantes.

Composta atualmente por 6.784 hospitais, a rede privada de saúde responde por 62% dos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), realizados em 2.916 do total dessas instituições de saúde, o que inclui também toda a demanda das localidades onde não há hospitais públicos. Representante da grande maioria dessas instituições, a FBH é membro titular na Câmara de Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Grupo Técnico do Ministério da Saúde, participando das principais decisões do setor, na defesa de melhores condições de trabalho para os profissionais da área e pela qualidade dos serviços prestados na rede privada de saúde.

Na gestão atual, a preocupação do Presidente da Federação, Luiz Aramicy Pinto, é fortalecer a posição da entidade frente às negociações das redes particulares de saúde com o poder público. O objetivo é promover a recuperação dos hospitais privados – responsáveis não só por parte significativa do atendimento ao SUS, mas também pela saúde suplementar -através da atuação política junto aos poderes executivo, legislativo e judiciário.

A marca da FBH é o empenho e a dedicação de seus dirigentes na defesa dos interesses dos associados e no fortalecimento das instituições que representa, o que inclui a sobrevivência da Federação, segundo avaliação de Plínio Moraes de Toledo, pois não dispõe de repasses oficiais de recursos, como a contribuição obrigatória recolhida anualmente de todos os trabalhadores, destinada aos sindicatos. Mesmo assim, a FBH ajudou materialmente a ONA em seus primeiros tempos, oferecendo inclusive as instalações físicas onde a entidade funcionou. Além disso, a FBH foi também uma espécie de avalista da ONA frente aos órgãos de saúde, abrindo espaço para a organização ser reconhecida no início da acreditação.

O presidente da ONA lembra que a articulação para a acreditação teve início em um congresso em Belo Horizonte/MG, a partir de uma conversa informal entre representantes da FBH e um diretor brasileiro da Organização Pan-Americana da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Na ocasião, o profissional da OPAS convenceu a FBH sobre a importância de voltar a integrar a Federação Latino Americana de Hospitais (da qual havia se desligado algum tempo antes) para participar da elaboração do primeiro manual de acreditação para a América Latina. “A partir daí, foi a FBH que deu início a toda a mobilização pela acreditação no país, participando das reuniões na OPAS e, posteriormente, realizando ações de convencimento e engajamento dos hospitais brasileiros”, lembra o Dr. Plínio.

“A FBH foi a primeira a se mobilizar pela acreditação Brasil, quem mais lutou para que a acreditação vingasse e aglutinou interessados em levar essa proposta à diante. A federação usou sua estrutura para envolver os hospitais nas discussões sobre como fazer um sistema de certificação, que até então não era aceito no país,” resume.

“Quando o manual desenvolvido em conjunto com a OPAS ficou pronto, coube à FBH fazer as articulações para a elaboração de um manual brasileiro, divulgar o processo, buscar interessados. E acabou surgindo a ideia de fazermos uma entidade própria, que cuidasse de sua aplicação e fizesse o acompanhamento de todo o processo, o que resultou na criação da ONA,” lembra o presidente da organização.

Hoje a contribuição da FBH continua muito grande. Ela se mantém a sócia mais atuante, a que tem mais estrutura, disponibilidade e identificação com o sistema da qualidade nas áreas da saúde. “Quase tudo o que precisamos na área federal é feito em conjunto com a FBH, que sempre adota nossas bandeiras e abre espaço para nossa participação até hoje” explica o presidente da ONA. Segundo ele, isso não diminui a participação e apoio das outras fundadoras e associadas, “mas pela afinidade do trabalho, a FBH está sempre mais próxima da ONA”.