Os clientes já não se importam mais com o produto ou serviço que oferece apenas. Ele quer ver valor, concordar com a sua imagem e com o que ela defende. O Marketing 3.0 é o momento em quem empresas assumem uma personalidade que se identifica ou não com os valores de seus clientes.

Para facilitar um pouco, proponho um desafio para avaliar suas estratégias de marketing: Veja na tabela abaixo onde sua empresa se encaixa, é no marketing 1.0 (como a maior parte da saúde brasileira), já está no 2.0, ou é muito atual e pratica o marketing 3.0?

estrategia-de-marketing

Embora toda empresa queira estar praticando o Marketing 3.0, a Saúde Brasileira ainda investe predominantemente em marketing 1.0, ou seja, vender seu produto para a grande massa de pacientes, com grandes hospitais gerais, laboratórios de análises clínicas que fazem dos mais variados tipos de exames etc. Afirmo ser um marketing 1.0, pois esse é caracterizado em vendas para a massa, baseadas em produtos, sem diferenciação e com foco em suas funções, como você pode notar na tabela acima.

Ainda são poucas as instituições, principalmente as líderes do setor, que investem no 2.0 em suas estratégias de marketing, onde o objetivo é diferenciar seus produtos/serviços, e passar a trabalhar a imagem emocional dos produtos/serviços, além de sua função.

Um bom exemplo desse tipo de ação 2.0 é a liberação de internações com seu animal de estimação no Hospital Albert Einstein, onde o que é vendido é a função do hospital em curar e a emoção ao gerar empatia com o paciente que pode ter o apoio do seu “melhor amigo” em sua recuperação.

[youtube]http://youtu.be/FMAUVvLzYA4[/youtube]

A dificuldade de se entrar na era do Marketing 3.0 é justamente a falta de uma visão onde o paciente assume o centro do sistema, onde as soluções são personalizadas e se conectam com o emocional e racional de cada paciente, e não mais da massa (marketing 1.0) ou segmentos (marketing 2.0). Como Steve Jobs falava, a Apple não vende uma etiqueta de preço, e sim valor. Para valores, não há preço. Você pode pensar que esse problema – paciente fora do centro – não é exclusivo ao marketing, pertence a toda coleção de problemas da saúde, e você está certo.

Agora você já sabe como praticar o marketing 3.0, colocar o paciente no centro. É uma solução simples, não acha? Não, sabemos que é muito difícil e complicado mudar velhos hábitos, ainda mais em grandes instituições, mas é um trabalho recompensador.

Em mercados onde a maioria pratica marketing 1.0 ou 2.0, quem inaugura o marketing 3.0 domina. Alguma dúvida? Então vamos a alguns exemplos de estratégias de marketing nas próximas páginas, que provavelmente você irá terminar de ler minha matéria mais empolgado:

Liberdade – Red Bull, Monster e Go Pro

[youtube]http://youtu.be/0tEHQJn_hxo[/youtube]

Você tem dúvida de que a Red Bull é líder de mercado? Já notou que a marca só produz conteúdo e publicidades atreladas à liberdade e desafios? Patrocina atletas e pessoas que passam uma imagem de liberdade e coragem? Assista ao vídeo acima e veja se não sente essa atmosfera.

Pois é, tenho certeza que você vai concordar comigo quando digo: “Quem não quer ser livre, ou pelo menos experimentar a liberdade?”. Com essa visão e posicionamento, a Red Bull dominou o mercado de bebidas energéticas com seu slogan “Te dá asas”, desbancando marcas como Burn (Coca-Cola) e Monster.

Um comentário além da Red Bull é sobre a Monster, que também faz um excelente trabalho de marketing 3.0, e possui em suas estratégias de marketing, o posicionamento mais voltado a esportes a motor (veja o instagram da marca) e direcionado ao público americano.

Outra marca que dominou um setor, o de câmeras POV (Point Of View – Ponto de Vista), é a Go Pro. Com uma mensagem clara de “Seja um herói, produza seus próprios vídeos, compartilhe e sinta-se um profissional” a marca caiu nas graças de quase todas as pessoas, desde produtores de televisão (sim, muitas cenas de filmes e novelas são produzidas com a pequena câmera), até amantes de cachorro.

[youtube]http://youtu.be/_YEyzvtMx3s[/youtube]

[youtube]http://youtu.be/A3PDXmYoF5U[/youtube]

Inspiração – Starbucks

Para alguns o Starbucks ainda é apenas uma cafeteria, mas basta levar um caderno, um livro ou um notebook a qualquer Starbucks  do Brasil ou do Mundo, que você começa a notar que o ar é diferente, você se sente inspirado a criar e tornar o mundo melhor.

Se ainda há dúvidas quanto a isso, veja a missão da empresa, extraída diretamente do seu site oficial:

Our mission: to inspire and nurture the human spirit – one person, one cup and one neighborhood at a time. (Nossa missão: inspirar e nutrir o espírito humano – uma pessoa, um copo e uma vizinhança por vez.)

Com uma vasta gama de produtos além do café, a empresa busca apoiar o seu cliente em todos seus momentos de inspiração e emoção, ou seja, você pode tomar um café do Starbucks pensando na vida em seu quintal, ou sentado à frente do seu computador enquanto busca transformar o mundo em um lugar melhor. Além disso, o Starbucks assume causas como as da sustentabilidade, caridade e outras.

Veja o tamanho da empresa (Fonte: Statista)

  • 19.000 lojas, o que a torna a maior coffeehouse do mundo. O que é praticamente o dobro de sua maior concorrente, o Dunkin’ Donuts.
  • US$ 14.9 bilhões de faturamento em 2013
  • Em 2012, mais de 20 milhões de pessoas visitaram um Starbucks nos últimos 30 dias antes da entrevista

[youtube]http://youtu.be/9HVMhm59Ibs[/youtube]

Ser diferente – Mini

Se você tem entre 18-24 anos, ou filhos, irmãos ou amigos nessa idade, provavelmente já os escutou falar que gostariam de ter um mini cooper. Não é à toa. A marca foca seus esforços de marketing justamente nesse range de idade.

Essa faixa etária geralmente está passando por uma grande fase de diferenciação perante seus colegas. Justamente por buscarem ser diferentes, querem capinhas de iPhone personalizadas, marcas exclusivas e qualquer outro acessório que as diferencie e as coloque em evidência.

A Mini oferece o maior número possível de acessórios com o objetivo de deixar o seu carro com a sua cara, ser único (possui milhares de combinações possíveis). Parecer um brinquedo é justamente o que cativa esse público. Além disso, como amante de automobilismo, o mini cooper é um carro que recebeu o apelido de “kart de rua”, por ser divertido de guiar. Com isso, cativa também os amantes desse esporte, que tem como carro dos sonhos o mini cooper.

Faz tempo que o Mini deixou de ser o carro do Mr Bean, para se tornar uma referência de estilo de vida, onde quem é visto em um mini, é taxado de extrovertido, divertido, feliz, criativo e cool.

Dúvidas? Veja a missão da empresa:

“The MINI Brand wins hearts and turns heads. MINI is refreshingly different: extroverted, spontaneous and in every respect something out of the ordinary.”

(A marca MINI ganha corações e muda cabeças. MINI é diferente: extrovertida, espontânea e em todos os aspectos, algo fora do comum.)

Veja um de seus comerciais abaixo, onde a narração define o que é ser normal (conhecido, médio, estar na médica, familiar, seguro etc), mas que normal não é ser fantástico e nunca será:

[youtube]http://youtu.be/6R_D4V-Ns3Y[/youtube]

Mas e o Marketing 3.0 na Saúde?

Para alguns, parece impossível imaginar um hospital fazendo um comercial como esses na televisão, não pra mim. Como profissional de saúde e do marketing, entendo que além da cura, os pacientes buscam identificação, conforto e acolhimento.

O marketing 3.0 fica então responsável por se identificar com esse paciente, mostrar que o hospital, laboratório ou qualquer outro stakeholder, está alinhado com o que há de mais importante para todo ser humano, seu “eu”.

O paciente quer se sentir único, no centro. Que maneira melhor de se fazer isso, que se identificar com ele e com seus sonhos, problemas e angústias?

A ideia dessa matéria é justamente trazer exemplos de mercado altamente competitivos, para inspirar os profissionais do setor, e principalmente mostrar a executivos que a saúde merece e demanda uma mudança também no marketing, justamente para expor os benefícios e qualidades em que suas instituições investem.

De que adianta ter os melhores médicos, os melhores equipamentos e as melhores condições, se o paciente vai ao seu serviço a contra gosto ou por falta de opção? Fidelizar um paciente e sua família inteira é um dos maiores desejos e objetivos de qualquer das estratégias de marketing, o marketing 3.0 é uma das respostas.

E você? O que acha disso? Conhece algum exemplo na saúde que cumpra os pontos do Marketing 3.0?