Ícones de medicina de ponta na atualidade, largamente utilizados para ilustrar comerciais e todo tipo de divulgação sobre serviços de saúde, os exames de imagem têm sua origem nos raios-X, que hoje completam 118 anos. O físico alemão Wilhelm Conrad Rontgen, criador da tecnologia, talvez ainda não pudesse imaginar como seu feito transformaria a prática médica. Neste Dia Internacional da Radiologia [NE: celebrado no dia 8 de novembro], registra-se que as imagens médicas estão entre os 10 maiores avanços da área nos últimos 1.000 anos, graças aos inúmeros diagnósticos de doenças, tratamentos menos invasivos e terapias que possibilitam, salvando milhões de vidas e ajudando a reabilitar pacientes em todos os cantos do planeta.
Assim como as campanhas Outubro Rosa, com foco na prevenção do câncer de mama, e Novembro Azul, relativa ao câncer de próstata, esta data de hoje também é uma oportunidade de chamar a atenção da sociedade para a importância de se garantir acesso, tanto no sistema público de saúde como no privado, aos exames de imagem, entre os quais a ultrassonografia, o Doppler, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, a mamografia e a densitometria óssea.
O enorme desenvolvimento destes métodos diagnósticos trouxe a radiologia, que por décadas esteve confinada aos subsolos mais ocultos dos hospitais, para as áreas mais visíveis dos serviços, proporcionando maior eficiência ao atendimento de uma demanda sempre crescente. A radiologia dos dias de hoje é o ponto de encontro de quase todas as especialidades médicas, dependentes, no bom uso da palavra, de seus exames, com enorme valor para a atenção ao paciente, vital para toda a cadeia da saúde.
A especialidade tem papel essencial na prevenção e diagnóstico precoce de doenças, o que pode evitar cirurgias invasivas, internações desnecessárias e abrevia o tempo de permanência dos pacientes nos hospitais. Ademais, são incontáveis os benefícios que a radiologia presta à saúde de cada um de nós. Ela representa uma das formas mais espetaculares de identificar lesões, as mais pequenas lesões, de qualquer natureza e em qualquer órgão. É a ciência que ilumina os túneis mais escuros e misteriosos deste labirinto que é o corpo humano, indicando o caminho correto e mais curto, ou melhor, mostrando o significado das lesões e orientando tratamentos, além de acompanhamentos.
Contudo, é preciso ressaltar que estas tecnologias tão surpreendentes só produzem estes resultados porque detrás delas há um médico especialista, um radiologista, muitas vezes e infelizmente ainda desconhecido e mal compreendido pelo público. É este profissional que acompanha o exame e se responsabiliza pelo laudo médico. Não fosse este profissional, que concentra todo o conhecimento necessário para decidir a melhor forma de uso das imagens médicas, certamente estaríamos desperdiçando exames, prejudicando pessoas.
A imagem pulmonar é o tema deste ano escolhido para celebrar o Dia Internacional da Radiologia pela Sociedade Europeia de Radiologia, Sociedade Radiológica da América do Norte e o Colégio Americano de Radiologia, de forma a destacar o papel da radiologia na detecção, diagnóstico e tratamento de uma ampla variedade de doenças do pulmão. A iniciativa é acompanhada por mais de 85 sociedades médicas espalhadas pelo mundo, entre as quais o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, que representa a especialidade no nosso país.
A data também comemora as investigações radiológicas em curso, na direção de novos avanços tecnológicos para beneficiar toda a humanidade, agora e no futuro. O que se espera, sempre, é a aplicação de boas práticas médicas na execução de cada exame e na interpretação correta dos achados, os quais servirão para responder às questões do médico assistente do paciente. Assim, a radiologia contribui para a medicina. Assim, a radiologia contribui para a saúde dos cidadãos.
* Henrique Carrete Júnior é radiologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR)