São Paulo, fevereiro de 2014 – O Brasil é conhecido mundialmente pela celebração do Carnaval. A data é motivo de alegria, fantasia e muita festa e é também, para muitas pessoas, o momento do “beijo na boca”. Porém, o que muitos não sabem, é que este contato pode transmitir uma doença chamada mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como Doença do Beijo.

“A mononucleose é altamente contagiosa e pode ser transmitida por transfusão de sangue, contato sexual e, principalmente, pela saliva”, explica o Dr. Jaime Rocha, infectologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica. Segundo o médico, a doença atinge qualquer faixa etária, e é mais comum entre adolescentes e jovens adultos. Os principais fatores para a proliferação são as más condições de higiene pessoal e a grande concentração de pessoas em um pequeno espaço, que propicia aglomeração e facilita a dispersão do vírus Epstein-Barr, causador da doença.

Após a contaminação, os sintomas podem durar até três semanas, sendo os principais a presença de febre, dor de garganta, mal estar, fadiga e cansaço, aumento de gânglios (com dores), do fígado e do baço. “Cerca de 10% dos casos apresentam erupção cutânea, deixando a pele avermelhada e com aspecto áspero, como uma lixa”, afirma Rocha.

Os sintomas se agravam quando os pacientes se submetem a tratamentos inapropriados, como o uso de antibióticos, principalmente as penicilinas. De acordo com o médico, “a mononucleose é uma virose e esses remédios não têm indicação no tratamento. Só estão indicados quando a doença se complica em algum processo bacteriano”.

Outro fator que facilita a proliferação da doença é que o período de incubação do vírus poder chegar a até 30 dias, ou seja, ele pode permanecer adormecido no organismo e se manifestar apenas um mês depois da contaminação. “Até o momento, não existe nenhuma vacina contra a Doença do Beijo. Geralmente, a virose não é fatal, mas podem ocorrer complicações como meningite, encefalite, anemia hemolítica e, em casos mais graves, ruptura do baço”, alerta o infectologista.

O diagnóstico nem sempre é fácil porque outras viroses também apresentam quadro clínico semelhante. No momento da análise, é preciso se basear na história epidemiológica, quadro clínico e em exames complementares sugestivos. “Exames laboratoriais podem apresentar presença de linfócitos atípicos e orientar o médico no tratamento”, diz Rocha.

Já para os testes específicos, existem as pesquisas de anticorpos heterófilos (monoteste), que podem apresentar resultados falso-positivos e falso-negativos (na presença de outras patologias), e a sorologia para pesquisa de anticorpos IgG e IgM para Epstein-Barr. Este último apresenta maior sensibilidade e especificidade, podendo indicar a presença de doença ativa ou passada. De acordo com o médico atualmente já está disponível a pesquisa do próprio vírus pela técnica de PCR em alguns materiais, como sangue e secreções respiratórias, o que possibilita um diagnóstico mais específico.