Levantamentos da organização não-governamental (ONG) Criola, feitos com base em dados do Ministério da Saúde, revelam que negros e brancos ainda são tratados de forma desigual no sistema público de saúde brasileiro. As chances de crianças pretas e pardas com menos de 1 ano de idade morrerem de doenças infecciosas e parasitárias são 44% maiores do que entre as brancas. No caso específico da tuberculose, o risco é 68% superior ao dos não-negros. Também nos registros de morte materna, o risco para mães pretas e pardas chega a ser 41% maior.
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Segundo Thiago Ansel, representante da ONG, o Ministério da Saúde, em 2006, já havia reconhecido a presença do racismo no atendimento a negros no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, ao mesmo tempo em que aprovava a Política Nacional de Saúde da População Negra, o então ministro da Saúde, Agenor Álvares, chegou a afirmar que a discriminação no país se concretiza em problemas como diagnósticos incompletos e exames que não são realizados em pretos e pardos.
“É importante mencionar que o racismo é estruturante na sociedade em que vivemos. O próprio olhar das pessoas é perpassado por essa marca. No Brasil, é de costume que o racismo seja tratado como um conjunto de fatos isolados que ocorrem de forma esporádica, sendo consensualmente considerados execráveis. Racismo não é só episódico, não é somente a ofensa ou o olhar torto. O atendimento no sistema de saúde pública brasileiro é um exemplo emblemático, pois mostra uma das piores faces da descriminação racial: a morte de negros e negras”, destaca Ansel.
Em seu site na internet, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) classifica como chocantes os contrastes entre os indicadores de saúde de negros e brancos e observa que, ainda com uma avançada legislação, o SUS não é capaz de garantir a toda a população brasileira a mesma qualidade na atenção à saúde.
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