“Seguir um caminho ético, antes que tudo, é sentir e amar”, declarou Carlos José Serapião, coordenador do Instituto Dona Helena de Ensino e Pesquisa (IDHEP), na última sexta-feira, dia 29/11, durante o 19º Simpósio Catarinense de Bioética, promovido pelo Hospital Dona Helena, em Joinville (SC). Consolidado em trazer assuntos importantes para profissionais da área da saúde e público em geral, o tema principal da edição abordou as reflexões e questões envolvendo os desafios bioéticos encontrados pelas mulheres na sociedade e mercado de trabalho. Inteligência artificial e inteligência natural também foram pontos analisados no simpósio. O evento reuniu mais de 100 pessoas no Hotel Bourbon.
A conferência de abertura teve como destaque a professora e procuradora paulistana Lívia Zago, que explanou sobre o tema “A Ética e a Mulher”, resgatando a luta pelos direitos das mulheres ao longo da história e as fases dos movimentos feministas, contextualizando sobre o período atual: o da militância online e auto inclusiva, com o surgimento das redes sociais e suas hashtags. Antes com o papel do cuidado, Lívia destacou que hoje a mulher precisa ser é cuidada, devido ao seu esgotamento físico e mental, acentuado pelos preconceitos ainda presentes. Em seguida, a programação trouxe o painel “A sociedade e as lideranças femininas”. Nele, a professora e bioeticista Mirelle Finkler aproximou a ética no exercício cotidiano e refletiu sobre a definição de feminismo: para ela, é “o contrário da solidão”. “É o momento de conscientização, de empoderamento, de libertação. É uma jornada de amor. Amor próprio, por vezes tão doloroso para tantas mulheres; amor pela ideia de que podemos ser livres para viver a potência de nossas possibilidades; e amor pela humanidade em toda a sua diversidade e diferença”, caracteriza. A professora destacou em sua fala que a desigualdade na sociedade brasileira patriarcal tem classe, gênero e raça. E existem feminismos excludentes, como o chamado feminismo neoliberal ou corporativo. “O feminismo que nos interessa é o compromissado com o direito à vida, com o bem viver, com a liberdade caracterizada com a responsabilidade com o outro e com a natureza.”
Outra convidada do painel foi a até então reitora da Univille, Sandra Furlan, que resgatou sua trajetória profissional no campo acadêmico e da pesquisa em Joinville, evidenciando que hoje a Fundação Educacional da Região de Joinville (Furj), mantenedora da Univille e do Inovaparq, conta com 59% do quadro de pessoal composto por mulheres, que ocupam 56% dos cargos de liderança. “A instituição tem uma longa trajetória vinculada à liderança feminina, que remonta ao ano de 1990, quando a professora Mariléia Gastaldi Machado Lopes assumiu a direção geral da fundação”, relembrou. A delegada regional da Polícia Civil, Tânia Harada, também contribuiu ao tema, refletindo, em contraste, sobre o pouco número de mulheres em cargos de chefia no campo. “Na região de Joinville, somos em 215 policiais, destes, 59 são mulheres. Quando vamos ao cargo de delegado de polícia, esse número é ainda menor: de 27 delegados na região, apenas três são mulheres”, enumera. Por isso, ela busca empoderar mulheres ao seu redor diariamente. “Temos a obrigação de chegar o mais longe possível. E não só por uma satisfação de cunho pessoal, mas por todas”, sublinhou.
A programação do simpósio também contou com um período para reflexões sobre inteligência artificial e inteligência natural – e sua importância para a área da saúde. As conferências e debates tiveram as presenças de Reinaldo Nogueira, coordenador dos times de análise de dados, segurança e prevenção de dados do banco BTG Pactual, Alexandre Del Rey, sócio fundador da 12AI – International Association of Artificial Intelligence, e Danilo Conti, Secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville e bacharel em Desenvolvimento de Sistemas para Internet. No dia, o Coral Maria Carola Keller também fez uma apresentação especial aos presentes.