O Ministério Público de Goiás acusa 20 cirurgiões cardíacos que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de cooperativa de recusar atendimento à população e de formação de cartel. Anteontem, outra criança morreu na fila de espera por cirurgia no Estado – são três mortes em dois meses.
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O promotor Marcelo Celestino afirmou ao jornal O Estado. de S. Paulo que pedirá abertura de processo criminal contra a Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares de Goiás (Copaccardio). O grupo de 20 médicos teria iniciado uma paralisação após rejeitar o aumento no valor de uma cirurgia cardiovascular – de R$ 894 para R$ 3 mil, concedido pelo SUS, mas considerado insuficiente pelos profissionais.
A decisão, segundo Celestino, deve-se à resistência dos médicos em voltar a trabalhar. “Já são três crianças mortas, porque as cirurgias deveriam ter sido feitas imediatamente e não ocorreram”, disse o promotor. Ele explicou que, em função do impasse, iniciado em fevereiro, a fila de cirurgia, que hoje teria cem crianças, segundo o Ministério Público Estadual, não anda.
O problema, na avaliação do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), é que há uma negociação em andamento para superar o impasse sobre os valores das cirurgias.
Para Celestino, a população é penalizada porque os médicos teriam reduzido seus interesses à questão monetária e não no restabelecimento da saúde: “Com o reajuste do SUS, eles passam a ganhar R$ 50 mil por mês com as cirurgias”, calcula. “Mas só aceitam trabalhar se for para ganhar R$ 75 mil mensais.”
Cálculo diferente. Para Wilson da Silveira, médico e diretor da Copaccardio, as contas dos médicos são diferentes. Ele afirma que a tabela não é reajustada há décadas, o pagamento é pouco e as cirurgias, em geral, são corretivas para defeito cardíaco congênito, o que exige a intervenção de uma equipe de cirurgiões. “Com o aumento proposto, passaremos a ganhar R$ 39 mil por 20 cirurgias. Desse dinheiro desconta-se 27,5% do Imposto de Renda e outros 30% para pagar o anestesiologista. O restante é dividido entre três médicos-cirurgiões, mais o perfusionista e a instrumentadora”, afirma.
O Ministério da Saúde anunciou em 28 de setembro um reajuste nos valores pagos aos médicos por 105 procedimentos cardíacos de alta complexidade. Em alguns casos, o aumento foi de 227%. O ministério informou que o reajuste representava um investimento de R$ 98,9 milhões e esperava, com isso, aumentar em 15% o número de cirurgias cardiovasculares na rede pública.
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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