A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), vinculada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), vai receber do governo do estado de São Paulo cerca de R$ 114 milhões para atuar como gestora, no regime de organização social (OS), do hospital para dependentes químicos a ser instalado na Cracolândia, na região central da capital paulista. O contrato de 5 anos faz parte do programa Recomeço, projeto de combate à dependência em crack.

No entanto, a entidade filantrópica é presidida por Ronaldo Laranjeira, coordenador do programa anticrack da Secretaria da Saúde do estado. O Ministério Público Estadual (MPE) vê conflito de interesses pelo fato do psiquiatra ter cargos no governo e na SPDM. Já o governo do estado considera que Laranjeira atua nas duas instituições sem remuneração e que ele não administra questões financeiras.

Laranjeira é presidente da SPDM desde agosto de 2013, e assinou o contrato da organização com o governo de São Paulo. O Ministério Público levanta a possibilidade de investigar o acordo.

O hospital da Cracolândia terá leitos para desintoxicação e moradias para dependentes. Aposta em um modelo de tratamento da dependência com vários estágios, modelo defendido por Laranjeira como professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Parte das obras, atrasada, deveria ter sido entregue em fevereiro, mas devem começar a operar apenas no segundo semestre.

* com informações do jornal Folha de S. Paulo