O avanço das tecnologias de uso pessoal tem impactado gradualmente o comportamento dos pacientes nesse início de século. A utilização de recursos como redes sociais, dispositivos móveis e dados em nuvem já fazem parte da cultura de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Como temos visto aqui nessa coluna essa tendência representa uma enorme oportunidade para empresas de saúde, através da criação de soluções digitais para seus usuários.
O comportamento dos tomadores de decisão, entretanto, muitas vezes tem se mostrado incapaz de acompanhar o ritmo acelerado dessas mudanças. A lógica tradicionalista, a insuficiência de informações e – até mesmo – a falsa esperança de que “essas tendências passem longe do nosso negócio” acabam impedindo que tirem proveito do terreno que está se formando a sua frente.
Nessa hora pode-se dizer que muito daquilo em que se acredita não tem fundamento e que, por outro lado, muito daquilo em que não se acredita é baseado em conceitos pré-concebidos.
O infográfico dessa semana é interessante porque ilustra essa situação através de alguns mitos que se formaram sobre a utilização de portais de paciente nos EUA.
Através de uma pesquisa realizada junto a 1.000 usuários foi possível comparar suas reações àquela tecnologia em relação às opiniões anteriores que se tinha sobre sua utilização. Alguns pontos que apareceram nos resultados poderiam facilmente ser estendidos para outros recursos online.
Como exemplo, escolhi alguns pontos de destaque.
O primeiro diz respeito à suposta dificuldade de adoção de tecnologias baseadas na internet dentre as pessoas com mais idade. Segundo a pesquisa, 59% dos respondentes com mais de 70 anos responderam que utilizariam um portal de paciente, o que representa um dado importante para um setor de saúde que lida com uma população crescentemente em envelhecimento.
Outro ponto diz respeito à premissa de que apenas pessoas que já utilizam algum recurso online estariam aptas a acessar um portal de paciente. Como se vê pelos resultados a pré-existência de competências digitais não é um requisito para que sejam adotadas ferramentas leves pela parte do paciente.
Por fim a crença de que apenas usuários mais frequentes de serviços de saúde estariam aptos a acessar informações pela web também mostrou-se falsa.
A história recente de outras indústrias tem mostrado que muito daquilo que se acredita ser passageiro permanece durante um período maior do que o esperado pairando sobre a sociedade e influenciando os hábitos de seus cidadãos. E naturalmente isso influencia os negócios em algum momento, de alguma forma.
Para empresas do tradicional setor de saúde nem sempre é simples equacionar um passado que ainda funciona e um futuro que parece que chegou antes da hora.
Mas o que estudos como esse demonstram é que nem sempre os motivos que nos impedem de avançar em direção ao futuro podem estar realmente corretos.