O Ministério da Saúde identificou 300 crianças e adolescentes com hanseníase em escolas públicas brasileiras em 2013. De acordo com a pasta, o conjunto de diagnósticos é resultado de campanha feita para verificar casos suspeitos e promover o tratamento coletivo da doença em 852 municípios considerados prioritários.

O objetivo do governo foi detectar novos casos de hanseníase entre menores de 15 anos e, a partir disso, identificar famílias e comunidades onde há adultos portadores da doença que podem ter sido a fonte de infecção das crianças. Segundo o ministério, um caso de hanseníase em criança significa que há um adulto próximo doente e ainda sem diagnóstico e tratamento.

Ao todo, 3,8 milhões de alunos foram submetidos ao exame inicial para a detecção da doença. Desses, 243 mil foram encaminhados para avaliação nas unidades de saúde. Os municípios que participaram da campanha foram escolhidos entre os de maior incidência de hanseníase do país e alcançam todos os estados.

Ainda de acordo com a pasta, foi feito também um tratamento coletivo para verminose, que alcançou 2,8 milhões de crianças em idade escolar. Uma nova campanha nas escolas está prevista para o primeiro semestre deste ano em um total de mil municípios.

Campanha

O Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira (14) uma campanha educativa de combate à hanseníase. Com o slogan ?Hanseníase Tem Cura?, a campanha orienta profissionais de saúde na identificação dos sinais e sintomas visando ao diagnóstico precoce da doença.

De acordo com a pasta, as ações serão concentradas em todas as capitais e em cidades com mais de 100 mil habitantes localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além da Baixada Fluminense, das regiões metropolitanas de São Paulo e de Belo Horizonte e do norte de Minas Gerais. As áreas são consideradas prioritárias por concentrarem a maioria dos casos de hanseníase no país.

Serão divulgados materiais como cartazes, gravações de rádio, outdoors e campanhas na internet para a população em geral e um e-mail informativo para profissionais de saúde.

Em Brasília, uma carreta da Fundação Novartis ficará estacionada até sexta-feira (17) na Rodoviária do Plano Piloto. Lá, profissionais farão o diagnóstico da doença e orientarão a população sobre os sintomas. Também serão desenvolvidas atividades em duas estações de trem geridas pela Fundação Vale, nos estados do Pará e no Maranhão.

Balanço divulgado pelo governo indica que três estados registram as maiores incidências de hanseníase do país, com coeficiente de prevalência acima de três casos para cada 10 mil habitantes ? Mato Grosso (7,69), Tocantins (5,54) e Maranhão (5,22). Rio Grande do Sul (0,12), Santa Catarina (0,29) e São Paulo (0,34) apresentam as menores taxas de prevalência da doença.

Em dezembro do ano passado, o embaixador especial da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Eliminação da Hanseníase, Yohei Sasakawa, lamentou o fato de o Brasil ainda não ter atingido o patamar estabelecido pelo organismo para erradicação da doença, que é menos de um caso para cada 10 mil habitantes. Ao lembrar os avanços da ciência, que garantiram tratamento e cura, ele enfatizou que é preciso intensificar os esforços para atacar a hanseníase, marcada pela discriminação e pelo estigma.

Arte: Agência Brasil