Os tabus que rondam a saúde são considerados empecilhos para se garantir o crescimento sustentável do setor de saúde. Recursos, fontes de financiamento, modelos assistenciais e melhoria de gestão foram os itens que pautaram a discussão em torno do tema, que aconteceu durante a 7ª edição do Saúde Business Forum.
Coordenado pelo diretor de Normas e Habilitações da ANS, Alfredo Cardoso, o debate gerou entusiasmadas discussões. Para o argumento de que é necessário se pensar em mais recursos para o setor, o executivo considera que talvez esse não seja o caminho. “O Ministério da Saúde tem o maior orçamento da União, que é de R$ 50 bilhões, e não consegue gastar tudo”, provoca.
Na visão de o diretor do Hospital Anchieta, de Brasília (DF), Délcio Pereira, a sustentabilidade do setor precisa passar por uma maior valorização do indivíduo com a saúde. “Os consumidores precisam ter mais consciência do valor de sua saúde e participarem ativamente do cuidado, e da gestão desses recursos, caso contrário, ele não se envolve e continua a usar os recursos indiscriminadamente”, pontua.
Para o diretor geral do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, de São Paulo (SP), Fábio Sinisgalli, um meio para se alcançar o crescimento sustentável no setor é o combate ao desperdício de recursos. “Hoje os recursos são mal utilizados e o uso é desmesurado, é necessário haver um combate forte a esse desperdício”, assinala.
Acesso universal
Outro aspecto amplamente discutido no debate, foi o acesso universal à saúde, garantido pela Constituição Federal. Na visão de Alfredo Cardoso, o modelo nacional de saúde pode ser considerado um sucesso. “A saúde é tão valorizada que é um direito garantido pelo Estado, em cláusula pétrea da Constituição Federal”, opina.
Para o superintendente da Santa Casa de São Paulo, Antônio Carlos Forte, o direito à saúde por si só, sem garantia de recursos, não é eficaz. “A coletividade só se preocupa com a saúde em casos especiais. Dar importância sem colocar recurso é uma falsidade”, destaca.
Na opinião do presidente do Hospital São Lucas, de Ribeirão Preto (SP), o problema não é como o Sistema Único de Saúde foi constituído, mas sim como ele é financiado e gerido. “O SUS é quase perfeito. É um modelo de saúde que hoje se mostra como o mais eficiente servindo de exemplo para outras partes do mundo. Os problemas que sofre são de gestão e de falta de recursos. Com isso resolvido, podemos discutir sustentabilidade”, opina