O Ministério da Saúde apresentou ontem a nova política nacional de transplante de medula óssea. As medidas visam dar maior transparência ao processo de exames e buscas, aumentar a oferta de leitos e o banco de doadores nacionais. A meta do Ministério da Saúde para 2004 é ampliar em cerca de 90% a capacidade de realização de transplantes de medula óssea entre não aparentados no Brasil e saltar dos atuais 84 para 156, informa a Agência Saúde. O primeiro passo da nova política é o recadastramento de todos os pacientes que constavam da lista para transplantes. Os dados estão sendo levantados juntos aos hospitais de referência que tinham pacientes inscritos no cadastro. O levantamento parcial indica que são cerca de 600 as pessoas com indicação para transplante de medula não aparentado no País.
O ministério vai investir R$ 24 milhões este ano, dez vezes mais do que nos anos anteriores, para garantir que todas as pessoas que aguardam o transplante façam as buscas nacionais e internacionais e que aquelas que tenham identificado um doador possam realizar o transplante. Hoje, existem 41 pessoas nessa situação, 23 com doadores identificados no exterior e 18, no banco nacional.
Para concretizar a meta de crescimento do número de transplantes realizados, o ministério vai financiar o aumento da oferta de leitos disponíveis nos centros já credenciados e cadastrar novos institutos.
A transparência será um dos pontos principais da nova política. Ao contrário do que ocorria, as listas de exames, buscas e transplantes serão colocadas à disposição das coordenações estaduais de transplantes e equipes médicas dos pacientes. Até abril, o Ministério da Saúde dará acesso às informações uma vez por mês, através de documentos. A partir de maio, entrará no ar um portal na Internet para permitir o acesso às listas em tempo real, por meio de uma senha fornecida pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Nesse site, o Ministério da Saúde também colocará informações sobre os recursos aplicados em transplantes de medula – desde aqueles gastos com exames iniciais até os da realização dos transplantes.
O Ministério da Saúde também está pondo em prática um conjunto de ações para ampliar o banco de doadores voluntários de medula óssea. O banco nacional conta hoje com 40 mil doadores. No entanto, de acordo com os padrões internacionais, o ideal seria que o Brasil tivesse, pelo menos, 360 mil doadores, e que esses fossem representativos de todos os grupos étnicos que compõem o povo brasileiro. Hoje, o banco conta basicamente com doadores das regiões Sul e Sudeste.
A ampliação do número de doadores voluntários ocorrerá em três frentes. O ministério pretende atrair para o banco aquelas pessoas que realizaram toda a bateria de exames de compatibilidade para doar a medula óssea a um parente – essas pessoas ainda não estão inscritas no banco – e o mesmo acontecerá com os doadores de rim, cujos exames são semelhantes aos de transplante de medula óssea, que também serão convidados a fazer parte do banco. Outra frente importante de ampliação do banco será a realização de campanhas para atrair os doadores de sangue, que são cerca de 1 milhão em todo o Brasil.
Todas essas medidas, adotadas para dar transparência e eficiência ao sistema de transplante de medula óssea, já vinham sendo discutidas desde o primeiro semestre do ano passado. Com o objetivo de aprofundar as mudanças, o Ministério da Saúde reunirá em março as coordenações estaduais e municipais de transplantes, especialistas, representantes de hospitais transplantadores e de entidades da sociedade civil. O seminário servirá para que se estabeleçam novos consensos sobre protocolos médicos de transplante de medula.
Ministério da Saúde anuncia nova política de transplante de medula óssea
Medidas visam dar maior transparência ao processo de exames e buscas, aumentar a oferta de leitos e o banco de doadores nacionais
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