À frente da Omint, empresa de planos de saúde e odontológicos para classe de alta renda, André Coutinho, diretor-geral da companhia, acredita que a crise financeira mundial pode resvalar no setor de saúde no Brasil, mas a perspectiva de crescimento deverá permanecer ainda de forma menos acelerada, embora os insumos médicos dependam de negociações em moeda norte-americana.
Com uma carteira de 85 mil vidas (80% de planos empresariais e 20% de individuais), a Omint – fundada em 1967 pelo grupo empresarial Villa Larroudet, na Argentina – chegou ao País em 1980. Deve fechar 2008 com um faturamento de R$ 440 milhões e crescer um pouco menos de 15%, crescimento que vem mantendo nos últimos anos.
InvestNews – A Omint se consolidou como empresa de planos de saúde para classe AAA. Ainda comercializa planos individuais ou só contratos empresariais?
André Coutinho – A empresa comercializa tanto planos individuais como empresariais. A carteira total tem 85 mil vidas, 20% de planos individuais e 80% empresariais.
InvestNews – Qual o diferencial da companhia?
André Coutinho – A Omint sempre focou a classe AAA, desde quando chegou ao Brasil há 29 anos. Os produtos foram desenvolvidos para esse nicho, diferentemente de outras empresas que têm um público mais extenso e precisa estandarizar seu atendimento. Nosso público exige um serviço diferenciado e é o que oferecemos.
InvestNews – A crise financeira pela qual passa o mundo e, também o Brasil, de uma forma mais branda, poderá afetar a Omint?
André Coutinho – A crise vai afetar todo o mundo. A Omint e qualquer outra empresa. Não há quem passe por ela sem sofrer alguma conseqüência. Não de maneira direta, mas nossos clientes acabam sofrendo (alguns mais outros menos), assim como os prestadores de serviços e os fornecedores.
InvestNews – Com o atual cenário, é possível que a empresa sofra retração?
André Coutinho – A Omint não pode contar com cliente que banca o risco do bolso (isso não existe). Para crescer nesse nicho, a empresa tem de vender seus serviços para alguém do concorrente, que sempre possui um plano de saúde.
Assim, em momento de incerteza de mercado, como o atual, as pessoas, por precaução, freiam mudanças, causando certa desaceleração. A empresa vem crescendo a uma taxa de 15% nos últimos anos. Não acredito que a empresa vá sofrer retração. Vamos ter um crescimento menor.
Além disso, muitos insumos do mercado de saúde, principalmente do lado da prestação de serviços médicos, são calculados em dólar. A moeda sobe, o custo sobe. É aquela máxima de mercado: quando a negociação é feita em dólar e ele desce, o preço não desce, mas se o dólar sobe, o custo sobe.
Não acredito em retração no mercado de Saúde nem para Omint nem para outras empresas. Hoje o plano de saúde é gênero de primeira necessidade. Não é considerado supérfluo como há 20 ou 30 anos. Muitas coisas podem ser cortadas antes de se mexer no plano de saúde, tanto nas empresas como na família.
InvestNews – Existe uma consolidação de empresas. A Omint pensa em adquirir outras empresas?
André Coutinho – Estamos sempre abertos a estudar propostas. Como não existem muitas empresas que possuem no grosso de sua carteira clientes que se encaixem no nosso nicho de atuação, fica mais difícil a aquisição. A grande maioria das empresas de planos de saúde tem uma carteira de clientes com uma pirâmide mais aberta.
InvestNews – Que tipo de empresas contratam a Omint?
André Coutinho – Empresas de serviço de alto valor agregado, como mídia, publicidade, escritórios de advocacia, tecnologia, bancos de investimentos, consultorias, diretorias e presidência de grandes empresas.
InvestNews – Vocês já se consolidaram no público de classe AAA. Há interesse em trabalhar outro público?
André Coutinho – Não há interesse porque não é nosso nicho de atuação. Focar em outro público nos obrigaria a mudar de direção. E não nos interessa mudar.
InvestNews – Qual a perspectiva de crescimento da empresa até o final do ano. E em 2009? Qual a expectativa?
André Coutinho – O crescimento da empresa deverá ficar um pouco abaixo dos 15% anuais que vinha crescendo nos últimos anos e fechar com um faturamento de R$ 440 milhões ante os R$ 385 milhões de 2007. Para o ano que vem, acredito num crescimento menor. Mas ainda acredito em crescimento.
InvestNews – Quanto aos planos odontológicos. Como está o crescimento e quais as perspectivas para o ano e para 2009?
André Coutinho – Nesse segmento, o crescimento é interessante. É superior aos planos de medicina. As empresas vinham, com a melhora da economia, incrementando os pacotes de benefícios. Agora, é possível que haja uma pequena redução, mas comercializamos esses produtos dentro da nossa carteira de clientes de planos médicos.
InvestNews – Os planos odontológicos são comercializados em conjunto com os planos de saúde?
André Coutinho – Nos planos empresariais, oferecemos os produtos separadamente. Já nos planos individuais oferecemos os dois. O plano odontológico é muito barato. Cerca de nove vezes menor que o preço de um plano de saúde. Os planos odontológicos ainda não contemplam implante, porque encarece muito o contrato. Há apenas um produto que contempla o implante.