A Medtronic, uma empresa líder em tecnologia na área da saúde, está recalibrando sua estratégia para aumentar de forma sustentável o número de profissionais negros e está investindo em educação para capacitar esses colaboradores a assumir cargos de liderança. Esse insight foi derivado do projeto ADN (African Descent Network), um dos Grupos de Recursos de Funcionários da empresa, dedicado exclusivamente a recrutar, envolver e desenvolver profissionais afrodescendentes. Inicialmente, o foco era ampliar a representatividade de profissionais negros na empresa, mas foi identificada a necessidade de investir também em sua ascensão para cargos de liderança.

A estratégia adotada inclui investimentos em cursos de inglês, comunicação, marketing, finanças, mentorias e negociação, ministrados por profissionais em aulas online, para capacitar e empoderar o maior número possível de colaboradores negros. “O intuito não é ampliar o número de negros apenas para termos números robustos. Queremos realmente promover mudanças sistêmicas na sociedade que tente retribuir a falta de oportunidades tiradas dos seus ancestrais no passado, e que automaticamente reflete até hoje neles. É darmos oportunidades para esses profissionais e, de fato, fazer com que eles se desenvolvam para alcançar cargos de liderança”, afirma Luciane Cruz, líder do ADN.

Comprometida com os princípios de Diversidade, Equidade e Inclusão (D, E,&I), a empresa reconhece a necessidade de focar de maneira mais incisiva na equidade racial para alcançar resultados concretos. Nesse sentido, a Medtronic lançou recentemente uma cartilha educativa, disponível em versões para adultos e crianças, direcionada também aos filhos dos colaboradores. O material aborda questões como racismo estrutural, racismo individual, racismo cultural e a importância da alfabetização racial, além de destacar expressões cotidianas com conotações racistas. Esse conteúdo foi endossado por Pablo Soares Damasceno, especialista em educação antirracista e diretor da Escola da Vila.

A líder do ADN destaca que o projeto educativo foi fundamental, considerando que ainda persistem dúvidas sobre os benefícios das cotas, que são por vezes mal interpretadas como algo banal ou até mesmo racista. “Infelizmente, ainda falta conhecimento da dívida humanitária que temos com os afrodescentes”, salienta.

Além da cartilha, Damasceno foi convidado pela Medtronic para realizar palestras frequentes visando estimular mudanças e reflexões. “Acreditar que o racismo é um problema dos negros é o primeiro ponto equivocado. Racismo é um problema da sociedade que não foi inventada pelos negros. É um dever das instituições de ensino e empresas olharem para a educação antirracista com cuidado. A educação é a principal base para a vida e o futuro”, ele enfatiza.

O Projeto PDPN já capacitou 15 profissionais negros e outros 20 estão em processo de desenvolvimento, capacitando-os e conscientizando os profissionais de outras etnias. A iniciativa foi reconhecida com o prêmio corporativo ADN Hub of the Year, como o melhor hub global do ADN, em 2023, em reconhecimento às atividades realizadas, incluindo a produção da cartilha. Além do ADN, a Medtronic possui outros Grupos de Recursos de Funcionários, como o MWN (Medtronic Women’s Network), focado em aumentar a representatividade feminina na liderança, o PRIDE, que promove a igualdade, segurança e oportunidades para a comunidade LGBTQIA+, o ABLE, com o mesmo objetivo para pessoas com deficiência física, entre outros.

Atualmente, cerca de 18% dos colaboradores da Medtronic são negros, dos quais 2 ocupam cargos de liderança na unidade do Brasil. “Nossa meta vai além de simplesmente alcançar números elevados. Queremos promover mudanças de mentalidade e compensar as oportunidades perdidas no passado, para que a competição no mercado de trabalho seja justa no futuro e tenhamos mais profissionais negros em posições de liderança”, finaliza Luciane.