A relação entre a Cardiologia e a Medicina Nuclear é bastante madura: a especialidade foi uma das primeiras a se beneficiar do uso dos radiofármacos para diagnóstico de diferentes patologias. “Suas aplicações surgiram no início da década de 1970. Desde então, ocorreram grandes progressos na análise da fisiologia e da fisiopatologia cardíaca: fluxo sanguíneo miocárdico, metabolismo cardíaco e função ventricular”, destaca Dr. Maurício Beze, cardiologista do corpo clínico do Grupo Núcleos.
Ao longo das décadas, exames de medicina nuclear conquistaram papel determinante na tomada de decisão, especialmente quando a dúvida recai sobre a indicação entre tratamento clínico ou cirúrgico nas doenças das artérias coronárias. “Hoje, a comunidade médica mundial compreende que há limitações nas imagens baseadas exclusivamente na anatomia e percebe a necessidade de complementação com dados funcionais”, acrescenta o também cardiologista do Núcleos Marco Nerosky. “Os benefícios são imensuráveis. A segurança fornecida no diagnóstico diferencial na sala de emergência de dor torácica é um exemplo”, ressalta Dr. Beze.
Contra a Isquemia
Entre os exames utilizados, o principal é a Cintilografia de Perfusão Miocárdica, que avalia se as células do músculo cardíaco estão recebendo fluxo sanguíneo com quantidade suficiente de oxigênio, nutrientes e demais substâncias essenciais à manutenção do metabolismo. A redução ou a suspensão dessas substâncias conduz à isquemia e, caso o processo seja duradouro, pode ocasionar morte do tecido – o infarto do miocárdio.
“Segundo os princípios de eventos relacionados à isquemia, as alterações da perfusão são as primeiras a ocorrer. Daí a relevância do exame. Alterações metabólicas ou redução da atividade mitocondrial de células isquêmicas são facilmente identificadas pelas imagens de medicina nuclear”, comenta Dr. Nerosky.
Benefícios e Evolução
Pacientes que estão em investigação de doença arterial coronariana com moderada probabilidade, aqueles submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica, os portadores de marcapasso e indivíduos com bloqueio de ramo esquerdo ou síndrome de WPW são altamente beneficiados pelo exame. “Estudos evidenciam que os cardiopatas submetidos à Cintilografia de Perfusão Miocárdica são melhor conduzidos e, ao longo do tempo, realizam menos exames e procedimentos”, enfatiza Dr. Beze.
Recentes avanços na especialidade permitiram a associação da Cintilografia Miocárdica à Angiotomografia das Coronárias, com a consequente correlação anátomo-funcional da perfusão coronariana no segmento estudado do músculo cardíaco. Uma outra realidade recente, já disponível no Núcleos, é a análise do sistema nervoso simpático com MIBG_123. “Hoje, podemos utilizar esse novo método para avaliar precocemente o prognóstico de pacientes com cardiopatias isquêmicas, arritmias, ICC, entre outros”, conclui Dr. Beze.