A Análise Clínica, Patologia Clínica ou Medicina Laboratorial, é a especialidade relacionada aos exames realizados no mais diversos materiais biológicos, direcionadas no complemento ao diagnóstico clínico, na prevenção de doenças, no acompanhamento terapêutico e também na definição prognóstica de diferentes patologias.
A atuação dos profissionais da Medicina Laboratorial extrapola a fase analítica, isto é, a realização propriamente dita dos exames, fazendo com que estes profissionais atuem diretamente como consultores da classe médica auxiliando na solicitação dos testes laboratoriais para diferentes patologias e também e na interpretação da informação gerada pelas análises realizadas (AJCP 2000), além das pesquisas relacionadas à introdução de novas metodologias e ensaios nas rotinas técnicas.
Atuando de maneira multiprofissional no segmento da saúde, possibilita o compartilhamento e a soma de diferentes experiências e conhecimentos complementares. Participam deste setor os médicos com especialização em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e uma fração importante dos biomédicos, farmacêuticos bioquímicos e biólogos e do grande número de técnicos de laboratórios. Estima-se cerca de 15.000 empresas prestadoras de serviços laboratoriais que geram receitas de algo como R$ 8 bilhões anualmente, com crescimento médio em torno de 15%.
A utilização da Medicina Laboratorial na assistência a saúde aumentou consideravelmente, sendo esta uma especialidade presente em cerca de 70% das decisões médicas (Clinchem 1996). Estima-se que no Brasil são realizados anualmente 900 milhões de exames, com média próxima a 5,5 exames por paciente, apesar de grande variação neste índice nas diferentes regiões do país.
Na Saúde Suplementar, segundo dados da Agência Nacional de Saúde de 2008, os gastos com exames complementares (inclui imagem) representam 20,9% dos gastos com saúde.
No Brasil, o maior volume de produção é proveniente dos pacientes ambulatoriais atendidos em laboratórios ?ambulatoriais? (outpatient market), diferentemente do que encontramos em outros países.
Nos EUA, o maior número de laboratórios está presente nos consultórios médicos (53,6% – POL:- Physician Office Lab), enquanto o maior volume de testes é realizado nas estruturas hospitalares (55%) (CLIA 2006).
Complementando a cadeia de prestação de serviços em Medicina Laboratorial, temos as empresas que atuam no segmento de referência ou apoio, isto é, que possuem outros laboratórios como clientes e oferece normalmente um amplo número de metodologias e tipos de exames (business ? to ? business) e também os Laboratórios Centrais, voltados a prestação de serviços laboratoriais em Pesquisa Clínica.
A evolução na especialidade repercute o grande avanço tecnológico desdobrado em novas metodologias diagnósticas, como a biologia molecular, e nos processos de automação laboratorial, fornecendo maior produtividade e eficiência às empresas que atuam neste setor.
Estas novas metodologias e o grande número de pesquisas realizadas na área aumentaram significativamente os tipos de exames laboratoriais disponíveis, além de melhorias na qualidade, sensibilidade, especificidade, acurácia e precisão dos testes. Como exemplo, o maior player mundial do setor, sediado nos EUA, possui em seu menu de exames mais de 5.000 tipos diferentes de exames.
Destaca-se dentro da evolução tecnológica em medicina laboratorial, e também como tendência para o futuro, os Testes Laboratoriais Remotos (TLR) ou Point of Care Tests (POIC), exames realizados à beira do leito ou baseados em mobilidade, que permitirão com o crescimento do seu uso um melhor acesso pelos pacientes e melhores entregas de resultados em saúde, como, por exemplo, importantes reduções no tempo de liberação dos resultados laboratoriais (Turn Around Time ? TAT) e consequentemente maiores eficiência do setor.
Estes e outros diversos fatores presentes na evolução da especialidade trouxeram diversas vantagens aos pacientes, mas seu uso inadequado torna-se prejudicial a cadeia de saúde. Somam-se o maior acesso aos laboratórios pela população, os novos exames e metodologias, a visão existente da utilização dos testes laboratoriais como forma de ?documentação? da presença ou ausência de doença, o grande número de processos contra médicos, a pressão por parte do paciente com base em publicações não científicas, entre outros diversos fatores, e temos como resultado uma ?super-utilização? e conseqüentemente um desperdício para a cadeia de saúde.
O número de eventos repetidos desnecessariamente relacionados a todo o setor, incluindo a medicina laboratorial, são bastante freqüentes e ocorrem em perda de qualidade na assistência para o paciente e colaboram para um desequilíbrio na cadeia de saúde.
Neste ano, publicamos no saudebusinessweb artigo intitulado ?A Eficiência da Medicina Laboratorial no Contexto Assitencial?, que traz exemplos dados sobre a utilização dos exames laboratoriais e desperdícios.
Costuma-se dizer que o melhor resultado laboratorial depende de uma solicitação do exame correto, para o paciente certo, em um tempo ou período adequado e realizado da maneira correta (Clinchem 2007).
O grande e íntimo relacionamento da Medicina Laboratorial com praticamente todas as outras especialidades médicas permite-nos dizer do potencial desta especialidade em tornar-se também uma importante ferramenta de geração de informações e racionalização de custos, contribuindo para que os resultados na cadeia de saúde sejam mais benéficos para o paciente e para as empresas que atuam em todo esse sistema.