Os alertas de medicações dos registros eletrônicos de saúde (EHRs) podem salvar vidas, mas muitos médicos avisam: esses alertas também dão uma tremenda dor de cabeça. Algumas vezes, as observações refletem conhecimento que até mesmo estudantes do primeiro termo de medicina já sabem. Apesar de não haver ?um sistema perfeito?, ele pode ser melhorado.
Cerca de 33% a 96% desses alertas são ignorados. Não há dúvidas que os provedores de saúde precisam de ajuda. Um bom lugar para começar é com um conjunto de medicações importantes/ interações medicamentosas que todos do sistema de saúde precisam ficar atentos.
Com isso em mente, a pesquisadora Shobba Phansalkar, do Hospital Bringham and Women em Boston (EUA), juntamente com seus colegas da Harvard, Rand Corp., e Ucla, fizeram uma análise dos bancos de dados de medicações para compilar a lista das reações medicamentosas severas. Eles chegaram a 15 interações essenciais que todos os médicos deveriam ter acesso em um sistema de suporte de decisão clínica (CDSS ? clinical decision support system). A lista, publicada na última edição do Journal of Medical Informatics Association, foi conseguida por meio do database da
Partners Healthcare Systems Medication; databases comerciais, incluindo o Micromedex, First Data Bank e Drugs.com; e por relatórios de pesquisas acadêmicas escritos por especialistas da área.
Com a lista principal no lugar, o próximo passo é expandi-la com alertas menos crítico, mas úteis, e então decidir como alertar os médicos para o conjunto completo dos dados. Geralmente, o CDSS prioriza os alertas em três camadas. A mais séria, a de interação medicamentosa com risco de vida, são ajustadas para bloquear o sistema. Conforme Phansalkar explicou em seu relatório, isso exige que a ordem médica seja cancelada ou que uma das duas medicações seja descartada. Na segunda camada, os médicos dão razões sólidas para subscrever um alerta para uma interação medicamentosa moderada. A camada três é reservada para alertas que não interrompem a ação, mas ainda assim são úteis.
Decidir onde colocar um alerta médico em um sistema de três camadas é apenas um dos problemas relacionados. Os gerentes de TI e líderes clínicos têm que juntar forças para decidir qual tipo de especialista precisa ver qual alerta. Não faz sentido que um médico veja um alerta que só é relevante para um farmacêutico, por exemplo. Em outras palavras: se faz necessário um núcleo específico de alertas de medicamentos.
Esse ponto foi comprovado em um estudo publicado pela edição de abril da International Journal of Medical Informatics. Os pesquisadores de saúde da V.A e Regenstrief observaram 30 médicos, enfermeiros e farmacêuticos que inscreveram e processaram um total de 320 prescrições médicas. Descobriram que os médicos que prescrevem as medicações, muitas vezes ficam confusos sobre o motivo do alerta no EHR e determinaram que os alertas eletrônicos são mais voltados aos farmacêuticos do que aos profissionais que prescrevem a medicação.
Também descobriram que ao passar a prescrição, os profissionais gastavam muito tempo buscando dados em resposta a um alerta, isso sugere que os sistemas de EHR deveriam automaticamente entregar a informação relevante dos registros dos pacientes, tais como resultados de exames e documentação sobre reação adversa a certas medicações. ?Os profissionais querem alertas mais específicos ao paciente e ficariam particularmente gratos se esses alertas fossem acionados a partir de resultados de exame?, observa o artigo.
O sistema da Regenstrief é mais personalizável e pode dar alertas com base em dados de exames dos pacientes. Em uma entrevista recente publicada na American Medical News, Jon D. Duke, médico e professor assistente na Indiana University School of Medicine, falou sobre o sistema de alerta de Constatação de Contexto de Interação Medicamentosa (CADDI ? Context-Aware Drug-to-Drug Interaction), que é capaz de ser específico. ?… Se há uma interação medicamentosa entre um remédio para pressão e um suplemento de potássio, que é uma interação comum associada à hipercalcemia, o sistema verifica o nível de potássio do paciente em seu último exame, para então intensificar ou abrandar a intensidade do alerta?.
É provável que os médicos continuem a reclamar sobre a ?fadiga? decorrente dos alertas ainda por um tempo. Mas os especialistas em informática de saúde estão melhorando nos projetos de base de dados, e eventualmente acharão um contraponto entre a segurança do paciente e a conveniência médica.

Tradução: Alba Milena, especial para o Saúde Web