Reportagem do jornal O Globo mostra o quanto conseguir atuar em um cargo público já não é algo tão almejado por parte dos médicos, retrato diferente em outros mercados de trabalho. Segundo informou o veículo, dentre todas as capitais brasileiras analisadas, São Paulo apresenta o maior índice de desistência de cargos na saúde pública por parte de médicos: de 1.275 médicos convocados, 809, ou 63,5%, recusaram os postos aos quais tinham direito. O número chega a ser alarmante e essa mesma situação se repete em outras capitais importantes como: Belo Horizonte, com índice praticamente idêntico, com 63,3%, Porto Alegre e Rio de Janeiro, com 58,8% e 55,3%, respectivamente.

O principal fator que tem desestimulado os médicos é a remuneração. Outro motivo para o desinteresse é a falta de plano de carreira, condições de trabalho precárias, insegurança e demora na convocação após a aprovação em concursos que, neste caso, acontece devido a entraves burocráticos.

Uma pesquisa do Cremesp divulgada em novembro passado mostrou que a rede privada tem hoje 20 mil médicos a mais do que a pública. São 399.692 médicos no País. Desses, 27% (107 mil) atuam exclusivamente em entidades particulares; 22% (87 mil), nas unidades públicas; e 51% (203 mil), em ambas as esferas. O Brasil tem cerca de dois médicos para cada mil habitantes. Mais da metade deles (55%) concentra-se nas capitais, onde vivem apenas 23% da população.

Os números mostram a urgência por estratégias de atração de profissionais para a saúde pública.

*Informações corrigidas às 16h24, do dia 19 de janeiro de 2016