O Brasil está entre os cinco países vencedores do programa de bolsas GRIP -Genzyme Renal Innovations Program. No total foram premiados nove estudos, sendo quatro da Inglaterra, dois dos Estados Unidos e um da Itália, além do brasileiro. Esta é a segunda edição do GRIP realizada pelo laboratório de biotecnologia Genzyme Corporation (EUA) com o objetivo de estimular a pesquisa na área de nefrologia.
Mas foi a primeira vez que o Brasil participou. O projeto vencedor “Papel das drogas imunossupressoras agem na expressão e modulação dos genes protetores em pacientes transplantados” foi apresentado por três nefrologistas da Universidade Federal de São Paulo: Dr Álvaro Pacheco Silva, Dr Niels Olsen e Dra Kikumi Suzete Ozaki.
O estudo será desenvolvido nos próximos três anos com 200 pacientes do Hospital do Rim e do Hospital São Paulo com o objetivo de racionalizar o uso dos medicamentos imunossupressores. “Conhecendo a variação gênica dos genes protetores em uma população de receptores renais é possível manipular as drogas imunossupressoras para que elas interfiram de forma correta na expressão das moléculas que têm função protetora para o órgão”, explica o Dr Niels Olsen.
O prêmio vai financiar o desenvolvimento deste estudo durante três anos e será aplicado também na aquisição de equipamentos de tecnologia nas áreas de biologia molecular e celular que serão necessários na evolução do estudo.
A Inglaterra foi o país com maior número de prêmios recebidos. Foram quatro projetos selecionados de pesquisadores do Cambridge Institute for Medical Research, Addenbroke’s NHS Trust, University of Birmingham e da University of London. Os Estados Unidos conquistaram dois prêmios – sendo um da University of Miami School of Medicine e outro da Indiana University School of Medicine e a Itália foi contemplada com um prêmio por um estudo do Mario Negri Institute for Pharmacological Research.
No total, foram inscritos 39 projetos no GRIP sendo que nove eram de brasileiros. Os tópicos de pesquisa sugeridos pela comissão organizadora foram: “Nefrite lúpica”, “Mecanismos da inflamação”, “Doença renal policística (DRP)”, “Células dendríticas e indução da tolerância”, “Progressão da doença renal crônica e “Toxinas urêmicas”.
No Brasil são realizados erca de 3 mil transplantes por ano no país e existem atualmente 25 mil transplantados em acompanhamento. O Brasil tem uma população de 70 mil pacientes renais em diálise (processo artificial para purificação do sangue), mas a estimativa da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) é de que existam aproximadamente 1 milhão de pessoas com doença renal no Brasil. O mais grave é que 70% não sabem que estão doentes.
O Genzyme com sede em Cambridge (Ma), instalou uma subsidiária no Brasil em 1997 para atuar na área de doenças genéticas raras. Em 2003, a companhia criou a divisão renal com o lançamento do Renagelâ (sevelamer) – quelante de fósforo que trata a hiperfosfatemia e diminui a taxa de mortalidade de pacientes renais crônicos por calcificação. Além das áreas de nefrologia e genética, a Genzyme do Brasil comercializa também o medicamento Thyrogen para câncer de tireóide.