Se por um lado a tecnologia trouxe mais conforto aos médicos, por deixá-los menos expostos aos riscos, por outro, tirou parte de sua capacidade de decisão. Este é o ponto de vista do presidente da Sociedade Brasileira de Videocirurgia (Sobracil), Antônio Bispo Santos Júnior. “É uma época ?maquinizada”. Exagerando, eu diria que o médico tornou-se um seguidor de guidelines e apertador de botão”, compara.
Embora o médico tenha perdido parte de seu poder de decisão clínica com a tecnologia, os benefícios foram grandes. “Na videocirurgia, por exemplo, alguns procedimentos já proscritos, por sua alta taxa de morbidade, foram retomados por conta da tecnologia minimamente invasiva”, aponta Santos.
Da caneta, porém, o dono ainda é o mesmo. “É o médico que decide o medicamento, o tratamento, etc. Eu não diria que ele é o dono da caneta, mas é um maestro que estudou a partitura e sabe reger a orquestra.”
O presidente da Sobracil acredita que o mundo hoje está melhor com os avanços da medicina, mas a avaliação tecnológica é necessária para não haver desperdícios. “O médico precisa saber quanto custa o não-investimento em outras áreas. Não adianta, por exemplo, ficar discutindo hemodiálise com tanta gente que nunca vai saber o que é Novalgina”, finaliza.