As manifestações que estamos vendo são inéditas no país. Mostram uma mudança real na atitude das pessoas. Muitas vezes ela pode vir junto com exageros (e nada justifica a violência e o desrespeito de alguns), mas é um sinal claro deste tempo de mudança. Os médicos também se mobilizaram de forma contundente. Isso não pode nem deve ser ignorado.
Mahatma Gandhi já dizia: ?seja a mudança que você quer ver no mundo?. Frase bonita e profunda, mas, como todas as outras, se ficam apenas na teoria não servem para nada. Uma frase desta só vale se houver ação. E a hora é agora. Aliás, sempre é. Tudo que deve ser feito, deve ser feito neste momento, pois o futuro nunca chega (pois quando ele chega, não é mais futuro, é presente).
Motivos não faltam. Há insatisfação por toda a parte. Os pacientes estão insatisfeitos. O Datafolha recentemente revelou que a saúde é o setor visto como mais crítico pela população brasileira – 48% dos entrevistados, bem acima da educação (13%), corrupção (11%), segurança (10%) e desemprego (4%). Isso não é qualquer coisa. Os profissionais da saúde também estão insatisfeitos e a lista de questões mal resolvidas é extensa. Vejo sofrimento em hospitais, postos de saúde e empresas. E não só dos pacientes.
A insatisfação e o sofrimento podem ser usadas como indicadores e, ao mesmo tempo, motivadores de mudança, mas é preciso ter coragem e agir. É hora de abandonarmos velhos modelos e paradigmas, de sermos éticos e pensarmos realmente no bem de todos. Devemos sim olhar para a contribuição positiva e negativa de cada player deste setor, mas o mantra da mudança deve ser entoado mais do que tudo: ?eu sou 100% responsável pela minha parte e a mudança depende de mim?. Não existe mudança sem auto responsabilização.
Aqui não estou querendo convocar todos para ir às ruas, mas para se posicionarem efetivamente sobre qual a sua responsabilidade sobre o que não está bom neste setor e começar o trabalho de mudança no ?quadrado? que te diz respeito. A clareza sobre as insatisfações e a atitude auto responsável, humilde e efetiva fazem milagres.
Embora eu não saiba tudo o que precisa ser mudado, sei que a mudança vai chegar. Para não ficar apenas em palavras, segue uma sugestão de ação objetiva. Liste tudo aquilo que o incomoda no seu trabalho. Olhe para você, mas também veja no que o seu trabalho repercute negativamente nos outros. Depois, coloque em prioridade decrescente (do mais importante para o menos). Em seguida, escreva ao lado dos itens que você considerou prioritários o que você pode fazer a respeito (como falar com o seu chefe sobre um procedimento que você considera errado etc.). Escolha pelo menos um item e tome a atitude que lhe cabe. Se a coragem for grande, mantenha-se agindo. A mudança tomará forma e isso trará benefícios a todos. Inclusive a você.